Emergências sanitárias: fome, violências e resistências entre moradoras de uma favela do Rio de Janeiro no contexto pandêmico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Mattar, Viviane
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/21093
Resumo: A pesquisa que fundamentou essa tese parte de uma interlocução de longa duração com mulheres beneficiárias de um sistema irregular de assistência social, moradoras da Favela do Tripé, nome fictício que damos a uma área particularmente pobre dentro de um conjunto maior de favelas, localizada no Rio de Janeiro. O trabalho de campo - que inclui ainda entrevistas com profissionais do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) que atua na região – foi realizado entre 2019 e 2023, anos marcados pela pandemia do novo coronavírus, por mudanças políticas que geraram instabilidade no regime de assistência social e por uma enchente que atingiu a região, todos eventos de grande impacto na vida daquelas pessoas.  O campo levou à noção de que a categoria “emergência sanitária” no singular é por demais limitada, uma vez que há um conjunto de fatores que atravessam a vida desses sujeitos, como a fome, as múltiplas violências, as instabilidades de programas sociais e uma infraestrutura sempre abatida. Argumenta-se então que, no Tripé, os eventos críticos extraordinários fazem parte do ordinário, do cotidiano e da sociabilidade local, sendo, portanto, necessário falar em “emergências sanitárias”.  É através desta perspectiva e neste contexto que procuro analisar como a instabilidade na gestão da precariedade, caracterizada pelas incertezas nos recebimentos de auxílios governamentais (e outras incertezas), produz novas lógicas de vida, novas relações sociais e a mobilização de moralidades, afetos e conflitos. Essa tese defende que a fome é um dos fatores que organiza a vida social no território em questão, produzindo resistências, conflitos, tensões e alianças que culminam até mesmo em novas lideranças comunitárias.