Fatores de risco para a conservação de Glaucomastix littoralis e a importância dos saberes populares na preservação de espécies de lagartos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Cosendey, Beatriz Nunes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/20288
Resumo: Os lagartos estão ameaçados em todo o mundo por diversos fatores, sejam eles físicos, climáticos ou antropológicos. Apesar de muitas vezes mal (ou sequer) vistos e rejeitados, esses animais são importantes elementos das biocenoses às quais pertencem. Neste trabalho perspassamos por alguns dos fatores que ameaçam a existência dos lagartos e descaracterizam o ambiente onde vivem. Primeiramente, analisamos as principais pesquisas envolvendo a resposta desses organismos às mudanças climáticas. A partir de uma revisão bibliográfica, identificamos que a modelagem preditiva de termorregulação vem sendo uma metodologia muito utilizada pelos pesquisadores para se projetar e estudar a persistência das diferentes espécies de lagartos em todo o mundo. Em seguida, tendo como objeto de estudo a espécie Glaucomastix littoralis, endêmica e restrita às restingas do estado do Rio de Janeiro e atualmente ameaçada de extinção, realizamos o monitoramento da densidade de suas populações nas quatro áreas onde ocorrem; analisamos o grau de degradação física e a qualidade térmica de cada restinga; mensuramos a acurácia térmica e a eficiência de termorregulação de cada população; e fizemos uma modelagem preditiva a fim de avaliar as áreas ainda adequadas à manutenção da espécie em diferentes cenários de mudanças climáticas. A partir dos dados obtidos, identificamos que a densidade populacional da espécie diminuiu com o aumento da intensidade dos distúrbios físicos em suas áreas de ocorrência e que as quatro restingas analisadas apresentaram temperaturas adequadas para a termorregulação de G. littoralis considerando-se os diferentes micro-habitats ao longo do dia. Entretanto, não sabemos a resiliência desse equilíbrio térmico em relação a um aumento global de temperatura, visto que as restingas que permaneceriam mais termicamente adequadas para a manutenção das populações da espécie são justamente as que possuem atualmente os maiores índices de degradação. A partir de um estudo etnobiológico, investigamos também a convivência das comunidades tradicionais com a fauna de lagartos local, isto é, como as caracterizam, como se relacionam e a importância da demarcação de terras protegidas para preservação das espécies, sobretudo as endêmicas. Os moradores demonstraram um amplo conhecimento sobre a variação de densidade ou riqueza da comunidade de lagartos local, sendo esses animais parte do cotidiano e da subsistência desses moradores. Ainda envolvendo comunidades locais, desenvolvemos um trabalho de divulgação científica em uma escola de zona litorânea a fim de dialogar com os estudantes moradores da região sobre a atual condição das restingas e a importância da preservação das mesmas para a manutenção do ambiente. Por fim, desenvolvemos um livreto de distribuição gratuita versando sobre a espécie ameaçada G. littoralis, a situação das restingas e a importância da consideração do conhecimento local nas práticas de preservação ambiental. Este livreto almeja colaborar com a divulgação das informações adquiridas para além da academia, tendo como público os frequentadores e moradores das restingas e os gestores das Unidades de Conservação.