Efeitos da temperatura na mortalidade por doenças cardiovasculares e impactos futuros segundo cenários de mudanças climáticas no Brasil.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Silveira, Ismael Henrique da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Medicina Social
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/4481
Resumo: As doenças cardiovasculares (DCV) são a primeira causa de mortes no Brasil e no mundo. Sua relação com a temperatura ambiente tem sido evidenciada por estudos epidemiológicos. No contexto das mudanças climáticas, de acordo com as projeções de aquecimento e da maior frequência de eventos extremos, é esperado um aumento dos impactos do clima na saúde, como a elevação da mortalidade por DCV atribuída à temperatura. O Brasil está em uma das regiões do globo que mais tem apresentado aquecimento, e as projeções apontam aumentos de até 8-9°C, segundo cenário de nenhuma mitigação. No entanto, há pouca evidência sobre os efeitos da temperatura na mortalidade por DCV e dos impactos associados às mudanças climáticas no Brasil e na América Latina. Neste sentido, o objetivo desta tese foi investigar o efeito da temperatura na mortalidade por DCV no presente e estimar os impactos futuros da temperatura na mortalidade por DCV, segundo diferentes cenários de mudanças climáticas no Brasil. Foram estimados os efeitos da temperatura na mortalidade por DCV nas capitais brasileiras e combinado para todo o Brasil e suas regiões por meio de estudos de séries temporais. Foram incluídos dados diários de óbitos por DCV, temperatura e umidade relativa médias durante o período de estudo que variou de 2000 a 2015. As análises utilizaram modelos lineares generalizados, combinados com os distributed lag non-linear models, com 21 dias de defasagem. A heterogeneidade dos efeitos entre as cidades, segundo características geográficas, socioeconômicas, demográficas e infraestruturais, foi investigada por meio de modelos de metarregressão. A projeção dos impactos das mudanças climáticas na mortalidade por DCV até 2100, foi estimada em termos dos óbitos atribuíveis ao frio e ao calor, conforme temperaturas simuladas segundos os cenários de emissão RCP4.5 e RCP8.5, utilizando dois modelos climáticos regionalizados (Eta-HadGEM2-ES e Eta-MIROC5). Os resultados mostraram o efeito da temperatura ambiente na mortalidade por DCV na maioria das capitais, e o efeito combinado para todo o Brasil e para as regiões Centro-Oeste, Norte, Sudeste e Sul. Foi observada relação exposição-resposta em forma de U e os efeitos foram mais acentuados entre os locais com maior amplitude térmica. Em relação aos impactos das mudanças climáticas, foi observada uma tendência de redução dos óbitos atribuíveis ao frio em todas as capitais brasileiras, e de elevação dos óbitos atribuíveis ao calor e totais na maioria das capitais. Esse aumento é mais intenso segundo o cenário RCP8.5 que não prevê nenhuma estratégia de mitigação das emissões de CO2. Os achados desse estudo são importantes para prover informações para a comunicação do risco, visando a promoção de políticas de saúde e o planejamento de estratégias de enfrentamento e adaptação às transformações do clima.