Relacionamentos afetivo-sexuais na adolescência precoce e vulnerabilidades associadas em estudantes do município do Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Costa, Simoni Furtado da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Faculdade de Ciências Médicas
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/18646
Resumo: O comportamento sexual de adolescentes com idade entre 10 e 14 anos vem sendo objeto de investigação, sendo alvo de políticas de atenção à saúde em diversos países. O investimento em estudos com este grupo aumentou após a Conferência Internacional de População e Desenvolvimento (CIPD) de 1994, que o considerou como um dos grupos mais vulneráveis à violação dos seus direitos fundamentais, uma vez que parte das relações sexuais nesta faixa etária são oriundas de abusos. O objetivo geral do estudo foi analisar os relacionamentos afetivo-sexuais em adolescentes desta faixa etária e discutir vulnerabilidades associadas em estudantes do ensino médio de escolas públicas e privadas da IX Região Administrativa-RA do município do Rio de Janeiro. Os objetivos específicos foram: estimar a prevalência de iniciação sexual durante a adolescência precoce (10 a 14 anos); identificar subgrupos mais vulneráveis ao problema; compreender a concepção de adolescentes acerca da violência sexual em relacionamentos afetivo-sexuais na adolescência; e analisar a compreensão de adolescentes sobre o dispositivo legal que tipifica o estupro de vulnerável. Trata-se de um subprojeto oriundo da pesquisa “Estupro de vulnerável e outras formas de violência contra adolescentes do sexo feminino”. A etapa quantitativa foi realizada com 694 estudantes, os quais foram selecionados através de uma amostragem por conglomerados e estratificada por turno de aula e características administrativa da escola. Aplicou-se questionário estruturado de autopreenchimento. Intervalos de confiança de 95% e o teste Qui-Quadrado (χ2) foram usados para avaliar a heterogeneidade das proporções entre subgrupos. A etapa qualitativa foi desenvolvida por meio de 13 grupos focais com 132 estudantes da mesma RA. Analisou-se os dados com apoio do software webQDA, em uma abordagem hermenêutico-dialética que deu origem a três categorias temáticas. Os resultados foram apresentados em dois artigos científicos. Tais resultados evidenciaram que a prevalência de iniciação sexual em adolescentes de 10 a 14 anos foi 18,4%, sendo maior em meninos; em subgrupos de maior vulnerabilidade social; entre os que ficaram/namoraram até 14 anos; os que foram vítimas de violência sexual em relacionamentos afetivo-sexuais; e os que apresentaram comportamentos de riscos à saúde. Os resultados da etapa qualitativa demonstraram que a iniciação sexual para as meninas está relacionada a uma visão romântica, ao se sentirem seguras e terem confiança no parceiro, ao passo que, para os rapazes, está associada à oportunidade, livre de outros fatores. Com relação à lei em questão, para a maioria dos estudantes, quando o consentimento para a prática sexual é mútuo, independentemente da idade, não há violência. A prática sexual nesta faixa-etária deve ser compreendida e enfrentada através de um contexto ecológico, onde sejam propostas políticas públicas intersetoriais que considerem um contexto social de múltiplas carências, e não apenas à saúde reprodutiva. As contradições na percepção dos adolescentes sobre a vulnerabilidade à violência sexual e o estupro de vulnerável previsto em lei sugerem que é necessário ampliar e qualificar a educação sexual de forma abrangente para adolescentes, assim como criar espaços de discussão que possam proporcionar aperfeiçoamento desse dispositivo legal nos serviços de saúde e educação.