Dano hepático induzido por medicamentos: estudo de concordância diagnóstica das escalas Rucam, Maria & Victorino e Naranjo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Rego, Patricia da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Medicina Social
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
RAM
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/4450
Resumo: Reação Adversa ao Medicamento (RAM) é definida como a reação a um medicamento que é nociva e não-intencional. O dano hepático induzido por medicamento (DILI) é um exemplo de RAM que pode ser muito severa e provocar casos de transplante hepático e morte. A falta de marcadores específicos ou testes para o diagnóstico de DILI conduziu ao desenvolvimento de escalas para avaliar a imputabilidade do medicamento na ocorrência do dano hepático. O presente estudo teve como objetivo caracterizar os tipos de danos hepáticos induzidos por medicamentos e investigar a concordância de três escalas utilizadas na sua identificação: RUCAM, Maria & Victorino (M&V) e Naranjo. Trata-se de um estudo seccional realizado em um hospital universitário no Rio de Janeiro em que a população fonte foi composta por 230 pacientes internados no período de junho de 2006 a novembro de 2007, que apresentaram dano hepático segundo os critérios do CIOMS (Council for Internacional Organizations of Medical Science), que consideram os resultados dos exames hepáticos e os níveis enzimáticos. Com a aplicação dos critérios CIOMS e após a exclusão das causas alternativas de dano hepático, foram identificados 41 indivíduos com suspeita de serem portadores de dano hepático induzido por medicamento. A imputabilidade do medicamento foi investigada mediante aplicação de escalas específicas para estudo da hepatotoxicidade, RUCAM e Maria & Victorino, e pela aplicação da escala Naranjo utilizada para qualquer tipo de RAM. O estimador kappa foi utilizado para interpretação da concordância entre as escalas. Foram avaliados 23 homens e 18 mulheres e a grande maioria dos pacientes (87,8%) apresentava dano hepático do tipo colestático. Todos os homens apresentavam este tipo de dano, enquanto que entre as mulheres, a distribuição foi: 72,2% para danos colestáticos, 22,2% para danos hepatocelulares e 5,6% para danos mistos. Para cada medicamento suspeito utilizado pelos pacientes foram aplicadas as escalas RUCAM, M&V e Naranjo, o que resultou em 166 avaliações. O cálculo para avaliar a concordância entre as escalas RUCAM e M&V resultou em Кw = 0, 2492, IC 95% (0,1293- 0,3617), valor superior ao encontrado na comparação entre RUCAM e Naranjo, Кw = 0,0006. A avaliação entre as escalas M&V e Naranjo com valor de Кw= 0,013 também apontou baixa concordância. Os resultados mostraram que a concordância no diagnóstico de DILI entre as escalas utilizadas é baixa, sendo, como esperado, um pouco maior quando da avaliação das escalas específicas para hepatotoxicidade (RUCAM e M&V), quando comparada às concordâncias entre estas e a escala global de Naranjo, que foi desenhada para a avaliação de todos os tipos de RAM. A aplicação de escalas para avaliação da hepatotoxicidade representa uma alternativa ao diagnóstico baseado apenas no julgamento clínico. Entretanto, a baixa concordância entre as escalas demonstra que existem limitações das definições e dos escores adotados pelos métodos que devem ser reavaliados. Espera-se que um consenso sobre definições em comum, critérios diagnósticos e terminologias oriente a construção de um novo instrumento para avaliar causalidade.