A “natural e primeira educação”? Educação physica e formação do Brasil (1823-1854)
Ano de defesa: | 2021 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Faculdade de Educação Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Educação |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/17223 |
Resumo: | A historiografia da Educação Física pouco abordou as iniciativas voltadas para a formação do físico no Brasil da primeira metade do século XIX. Embora existam esforços no interior desse campo para compreender práticas corporais sistematizadas, tais como a ginástica, dança e jogos, poucas foram as iniciativas em tratar essa temática em seu conceito mais amplo. A preocupação central desta tese foi investigar o processo de configuração da educação physica e suas relações com os processos de construção da nação brasileira entre 1823 e 1854, tendo como foco as discussões ocorridas na cidade do Rio de Janeiro. O recorte histórico se deu a partir da documentação analisada. O marco inicial corresponde ao ano em que foi verificada a primeira ocorrência do termo educação physica na documentação pesquisada, atrelada às repercussões dos debates ocorridos durante a primeira Assembleia Nacional Constituinte (1823). O recorte final remete à Reforma Couto Ferraz (1854), na qual a gymnastica se tornará um saber obrigatório nas escolas primárias e secundárias da capital do Império brasileiro. Para esse estudo, elegemos um conjunto documental, que inclui diversos impressos periódicos em circulação na cidade do Rio de Janeiro, relatórios do Ministro dos Negócios do Império, legislação, estatutos de instituições, manuais e livros. A tese se encontra organizada em três capítulos. No capítulo um, interrogamos e analisamos os diversos usos do conceito de educação physica, buscando demonstrar a amplitude e a circularidade que tal estratégia formativa alcançou (ou procurou alcançar) e como poderia ser utilizada como sinal de distinção por determinados agentes históricos. No capítulo dois, indagamos, apresentamos e discutimos aspectos doutrinários relativos à problemática central desse estudo, atentos, especialmente, ao que circulou por meio de manuais e livros dedicados a esse tema. Com esse investimento, foi possível perceber que a natureza era considerada como norte para as prescrições sobre a physica a ser educada pela ciência, em especial, o saber médico. Procuramos, ainda, discutir a normatização dessa atividade integrada a outros saberes e uma das chaves necessárias para formar o Brasil e sua população, sendo, frequentemente, representada como “a primeira educação”. No capítulo três, localizamos e analisamos algumas propostas e experiências institucionalizadas destinadas a esse tipo específico de saber, demonstrando como foi convertido em objeto de preocupação de um conjunto de instituições com diferentes características formativas. Nas escolas, asilos e espaços de divertimento, esse tipo de ação e saber atuaria como forma de construir corpos mais robustos e produtivos, sendo vista como uma estratégia “útil e agradável” para forjar corpos necessários para ajudar a construir a jovem nação brasileira. E, como palavras finais, procuramos sustentar que o debate a respeito da educação physica esteve presente no processo de construção do Estado nacional, como um elemento distintivo e associado à projetos modernizadores, em diálogo com os preceitos da ciência, da higiene e da educação integral; princípios e racionalidades tidos como relevantes e necessários para formar as populações e inventar o Brasil, ainda que, nesse complexo processo, esse tipo de experiência tenha sido negada à parcelas importantes da população. |