Imagem de língua e leitura nas avaliações externas: uma análise discursiva de documentos do Sistema de Avaliações da Educação Básica (SAEB)

• Ano de defesa: 2023
• Autor(a) principal: Stallivieri, Nicole Silva
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras; Brasil; UERJ; Programa de Pós-Graduação em Letras
• Palavras-chave em Português: External tests; Reading design; Dialogic reading; Reference Matrix; Question Items Template; Discursive subject; Avaliações externas; Concepção de leitura; Leitura dialógica; Matriz de Referência; Modelo de Itens de questão; Sujeito discursivo; Língua portuguesa – Estudo e ensino; Educação básica – Avaliação; Leitura; LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LINGUISTICA
• Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/19632

Diante do cenário educacional no Brasil, considerando a importância das avaliações no processo de ensino-aprendizagem e os desafios que compõem a formação do aluno leitor crítico em nosso país, o presente trabalho tem como objetivo geral investigar a imagem discursiva produzida pela avaliação de Língua Portuguesa do SAEB para alunos do 9º ano do Ensino Fundamental Anos Finais, no que tange ao conceito de língua e leitura reverberado a partir desse instrumento avaliativo, visando à reflexão sobre o sistema de avaliação de leitura instituído para as escolas brasileiras. Diante disso, os objetivos específicos são: (1) analisar a composição estrutural e as escolhas linguístico-discursivas adotadas na Matriz de Referência da avaliação de Língua Portuguesa para o 9º ano do Ensino Fundamental aplicada pelo SAEB; (2) verificar a concepção de língua e leitura privilegiada pela avaliação, relacionando a construção da Matriz de Referência às questões do modelo de prova encontrado; (3) refletir sobre a imagem discursiva produzida pela avaliação, considerando os sujeitos discursivos envolvidos no SAEB em relação ao enunciador dessas avaliações e à construção do sujeito avaliado. Como pressupostos teóricos, esta pesquisa respalda-se na teoria dialógica do discurso promovida pelo Círculo de Bakhtin (BAKHTIN, 2011; VOLÓCHINOV, 2021; MEDVIÉDEV, 2012) e estabelece diálogo com a análise do discurso de base enunciativa de Maingueneau (2005, 2015) de modo a contemplar as reflexões sobre a imagem que esses documentos produzem de língua e leitura. Em relação à metodologia, a investigação segue as orientações propostas por Volóchinov (2021), que considera as relações de interdependência entre esfera de atividade, gênero do discurso e enunciado, possibilitando também o diálogo com a perspectiva cartográfica no que tange ao acompanhamento do processo de pesquisar-cartografar (DELEUZE E GUATTARI, 1995) e (PASSOS; KASTRUP; ESCÓSSIA, 2009). Com isso, para a realização da análise, valemo-nos dos seguintes procedimentos metodológicos: (a) contextualização da esfera educacional do SAEB no que refere à responsividade discursiva imposta por tendências filosófico-linguísticas no ensino de língua no país e como dialogam com os documentos oficiais como Parâmetros Nacionais Curriculares e, posteriormente, Base Nacional Comum Curricular; (b) reflexão sobre a construção dos gêneros Matriz de Referência e prova e as relações dialógicas produzidas por esses gêneros a partir da esfera de produção e as estruturas desses gêneros (c) análise da imagem de língua e leitura produzida pelo corpus a partir de seu projeto discursivo, considerando língua e leitura como um produto da interação verbal e (d) reflexão sobre os sujeitos discursivos envolvidos no processo de avaliação no sentido de verificar a imagem do enunciador e a construção do sujeito avaliado produzida pela avaliação. A partir do conjunto da pesquisa, é possível concluir que a avaliação de Língua Portuguesa do SAEB sistematiza e prioriza os aspectos operacionais do processo de leitura, negligenciando diálogos com outras perspectivas para o ensino de língua e leitura. Por ser uma avaliação institucionalizada pelo Governo Federal, tendo uma única visão de leitura, o Estado passa a adotar uma função de regular a educação ao invés de dialogar e promover uma avaliação plural.