Corpo, cinema e juventude: Prelúdios do homem pós-orgânico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Ferreira, André Gonçalves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Educação Física e Desporto
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Ciências do Exercício e do Esporte
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/8246
Resumo: O corpo é uma invenção da cultura humana, um conjunto complexo de representações e símbolos, e sobre ele atuam as forças dos saberes e poderes vigentes da sociedade e do tempo histórico no qual está inserido. O século XXI assiste à ascensão da cibercultura, aos avanços tecnocientíficos, especialmente da informática, das telecomunicações e das biotecnologias depositarem sobre o corpo, suas mais importantes irradiações: expectativas e promessas, valores e juízos, produtos e modas. Basta olhar ao redor para verificarmos que o corpo é o alvo das (bio)asceses pós-modernas: esteroides anabolizantes e psicofarmacos. Próteses biônicas, cirurgias plásticas, transplantes de órgãos; nomofobias, nanotecnologias, computadores de vestir, chips subcutâneos; seres geneticamente modificados; clones e avatares; biohackers. As subjetividades não somente foram deslocadas para o corpo, mas sofreram os efeitos derivados da aproximação com a categoria ontológica que mais se destaca quando o mundo é hiperestimulado pela cultura cibernética: as máquinas. A presença cotidiana dessas criaturas altera os modos de pensar, sentir e agir do humano, pois desperta os desejos de anulação das coerções biogenéticas, de melhorias funcionais do corpo, de constantes aprimoramentos estéticos e até mesmo, da imortalidade. O trabalho busca diálogo com estes recentes fenômenos, investindo esforços para analisar os processos que os originaram na mesma medida em que tenta compreendê-los, hoje, em suas principais manifestações, agendas e performances. O referencial teórico do trabalho apoia-se no pensamento do filósofo Richard Rorty, especialmente na ideia de que a cultura humana é construída a partir de um megavocabulário encarnado que concerne formas descritivas e interpretativas ao mundo, à sociedade e ao próprio humano, construindo-os, criando-os. Há dois temas nucleares no estudo: Juventude e Cinema. Através de análise metafórica da obra fílmica Avatar (2009), encontramos fortes sinais da relação simbiótica dos jovens com as máquinas, afinal, em um mundo interligado e fundamentalmente concebido como rede, a juventude da sociedade digital precisa manter-se exponencialmente conectada e em um modo de interações que só é possível através da hibridização corporal com a própria máquina. Em seguida, no cinema de ficção cientifica, foram analisados criticamente os personagens-ciborgues iconográficos RoboCop (1987 e 2014) e Exterminador do Futuro (1984 e 2009), para que pudéssemos verificar as mudanças das descrições conferidas aos corpos tecnoorgânicos apresentados na sétima arte. Verificamos que, no cinema scifi do final do século XX, predominavam vocabulários puristas e tecnofóbicos, enquanto no início do século XXI, pudemos identificar uma aproximação conciliadora e acima de tudo, benéfica para ambas as partes. À maquina fora concedida a condição humana, e ao humano, a condição maquínica. A descrição final nos une. É a ascensão da tecnofilia, da pós-organicidade.