Entre educar as crianças e punir os homens: percepções de professores sobre a desinserção escolar de adolescentes que cumprem Medidas Socioeducativas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Silva, Mariana Tafakgi Fragoso
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais::Instituto de Ciências Sociais
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/19134
Resumo: Partindo de dados que indicam um cenário de desinserção escolar acentuado entre os adolescentes e jovens que cumprem Medidas Socioeducativas, esta pesquisa buscou analisar as percepções de professores das redes públicas municipal e estadual de ensino do Rio de Janeiro sobre as trajetórias de desinserção escolar desse grupo. Os objetivos da pesquisa foram: 1- investigar a hipótese de que as percepções sobre essas trajetórias de desinserção escolar se aproximam de perspectivas aqui chamadas de "hiper sociológicas", que priorizam fatores explicativos macrossociais em detrimento de unidades de análise individualizadas (como escolas, professores e estudantes); 2- analisar no que essas percepções se aproximam e se distanciam daquelas sobre processos de desinserção escolar de jovens que nunca cumpriram Medidas Socioeducativas e se esse possível afastamento pode ser relacionado com ideias sobre violência; e, por fim, 3- colocar em diálogo essas percepções com as discussões do campo acadêmico da Sociologia da Violência e da Educação sobre a temática. Para tais objetivos, foram realizadas entrevistas semiestruturadas de forma remota com doze professores, selecionados através da amostragem denominada “bola de neve”. Os resultados possibilitaram duas conclusões principais: a primeira é que o processo de desinserção escolar, muitas vezes iniciado antes da acusação de autoria de ato infracional, pode se agravar quando o estudante é encaminhado ao cumprimento de Medidas Socioeducativas. A segunda é que, como sugerido na hipótese de investigação, os professores entrevistados se aproximaram de uma perspectiva hiper sociológica para explicar a desinserção escolar, ao mesmo tempo em que apresentaram percepções que buscam individualizar a trajetória dos adolescentes que cumprem Medidas Socioeducativas. Essa diferenciação - com relação ao resto do público de estudantes - foi interpretada a partir das relações estabelecidas pelos profissionais entre adolescentes e a conduta infracional, informada por dinâmicas de sujeição criminal e amparada em representações sobre juventude e violência, propiciando a identificação do adolescente que cumpre Medidas Socioeducativas com características avessas ao espaço escolar, deteriorando sua identidade de estudante. Os resultados encontrados contribuem para as reflexões sobre as dificuldades nas relações entre escolas e adolescentes que cumprem Medidas Socioeducativas.