A Educação Ambiental (EA) em tempo de travessias: desenvolvimento, zonas de sacrifício e gestão ambiental pública em Itaguaí/RJ

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Plácido, Patrícia de Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Multidisciplinar
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/14310
Resumo: Esta tese demonstra como o processo de reorganização territorial atrelado à lógica industrial instaurado na Ilha da Madeira, em Itaguaí/RJ, impacta e altera os modos de vida da população local, reduzem a atividade pesqueira e acarretam riscos sociais e ambientais. As políticas desenvolvimentistas gestadas na América Latina e no Brasil inserem esta área costeira no mercado econômico mundial contemporâneo, por meio de atividades de exportação de commodities, industrialização e modernização portuária. Os referenciais teóricos da Ecologia Política, da Justiça Ambiental e da Educação Ambiental articulados à análise histórico-dialética permitiram desvendar os processos de transformação das áreas portuárias, definidas por lei como "zonas de processamento de exportação", em "zonas de sacrifício ou paraísos de poluição". A redução da área de pesca decorrente da construção mega empreendimentos portuários no local e a desterritorialização das famílias para construção do Super Porto Sudeste também se apresenta como um aspecto negativo no que tange aos conflitos emergentes neste território. Lançamos mão da categoria de território para delimitar o recorte espacial da pesquisa no bairro da Ilha da Madeira, município de Itaguaí (estado do Rio de Janeiro, Brasil), pois as transformações ocorridas entre os anos de 2005 e 2015 são reflexos da materialização da política desenvolvimentista em curso no Brasil há mais de cinquenta anos. A fim de compreender a dinâmica do conflito engendrado pelo desenvolvimentismo brasileiro, a pesquisa estruturou-se em quatro capítulos: (i) compreensão da política desenvolvimentista brasileira; (ii) análise dos conflitos ambientais decorrentes da ampliação portuária em Itaguaí; (iii) examine das formas de mediação dos conflitos ambientais locais pela gestão ambiental pública local e contextualização da educação ambiental e (iv) proposta em educação ambiental de travessia como superação do "caminho único" (Guimarães, 2004) instituído pela racionalidade hegemônica. Desse modo, a abordagem qualitativa adotada na pesquisa recorreu a uma extensa revisão bibliográfica, à elaboração e aplicação de entrevistas, à análise dos dados coletados e à redação final do trabalho. A pesquisa contou com as narrativas de moradores e pescadores artesanais da Ilha da Madeira e com os depoimentos de gestores públicos das Secretarias Municipais de Meio Ambiente e de Educação de Itaguaí, estes como mediadores dos conflitos, além de informações sobre educação ambiental extraídas de setores da gestão ambiental pública. Para concluir, apontamos que as atividades portuárias legitimadas pelas políticas públicas locais atrelam esse cenário à lógica de reprodução sociometabólica do capital e a produção capitalista do espaço tem sua base nas relações econômicas e políticas "desenvolvimentistas", em detrimento das lutas simbólicas de populações locais para manutenção de suas práticas tradicionais. Tais reflexões remetem à compreensão do território como um campo de expressão de representações, discursos e interesses contraditórios. Trabalhar tais questões na educação ambiental é de suma importância para transformar as zonas de sacrifício em zonas de cidadania