O prolongamento da coabitação entre pais e filhos: diferenciação de self e transmissão intergeracional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Ramos, Fabio Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Psicologia
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/17432
Resumo: O prolongamento da coabitação entre pais e filhos é um fenômeno que tem sido documentado no Brasil e em diversos países, sendo objeto de reportagens da mídia e de estudos acadêmicos. As modificações sociais têm impactado nos arranjos familiares e na construção subjetiva de seus membros e, deste modo, é importante realizar uma discussão teórica a partir de uma compreensão psicossocial, considerando diferenças contextuais. A complexidade do fenômeno é destacada e neste trabalho fazemos uma escolha de análise com foco na transmissão intergeracional e na diferenciação de self. A partir de revisão do que no Brasil tem sido chamada de “geração canguru”, identificamos uma contradição entre as alegações de bloqueio no desenvolvimento dos filhos que prolongam a coabitação com seus pais e os relatos de boa qualidade no convívio e respeito à individualidade. Nossa hipótese é que a coabitação prolongada não é impeditiva do desenvolvimento da autonomia emocional. O objetivo é investigar a diferenciação de self e a transmissão intergeracional existente tanto nos filhos quanto nos pais coabitantes, com implicações para a dinâmica familiar. A metodologia mista está dividida em duas etapas: Na primeira, quantitativa, aplicamos um questionário sociodemográfico e o Inventário de Diferenciação de Self-R a dois grupos de filhos entre 25 e 35 anos, sendo o primeiro grupo dos que moram com os pais e o segundo dos que tenham saído da casa dos pais, para comparação do escore de diferenciação de self e suas subescalas. A análise destes resultados é realizada pelo test-t de amostras independentes. Na segunda etapa qualitativa, entrevistamos duas famílias com pais e filhos coabitantes, com todos os membros familiares participando ao mesmo tempo e com o auxílio do genograma. A análise dos dados foi feita com avaliação do questionário sociodemográfico e os escores da diferenciação de self em cada família e também por meio de análise de conteúdo das duas entrevistas. A partir dos resultados da primeira etapa, identificamos que a diferenciação de self dos grupos de jovens coabitantes e dos jovens não coabitantes é praticamente igual, indicando que a coabitação não seria um aspecto tão relevante para o desenvolvimento da autonomia emocional. Por outro lado, as famílias pesquisadas na segunda etapa tiveram um escore de baixa diferenciação de self entre os membros, indicando uma fusão emocional principalmente entre mães e filhos e dificuldade de diferenciação. Identificamos também valores transmitidos intergeracionalmente que têm influenciado no tipo de convivência. No entanto, identificamos que os filhos possuem relativa autonomia. Os resultados corroboram parcialmente nossa hipótese e apontam para a necessidade de novos estudos sobre o tema, a fim de melhor identificar os fatores envolvidos no processo de diferenciação do self e da autonomia emocional.