As representações sociais do tratamento religioso e suas repercussões na qualidade de vida para adeptos da nação Jeje Mahí

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Pereira, França Helena Elias
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Faculdade de Enfermagem
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/20380
Resumo: O estudo teve como objetivo analisar as representações sociais do tratamento religioso e as repercussões deste na qualidade de vida para adeptos do candomblé da nação Jeje Mahí. Estudo exploratório e descritivo de abordagem mista, alicerçado na teoria das representações sociais. Na primeira etapa, cem adeptos responderam a formulários de dados sociodemográficos, de práticas religiosas, de práticas de saúde e de coleta de evocações livres aos termos indutores, tratamento religioso, qualidade de vida, bem-estar, saúde e doença. Utilizaram-se, ainda, os instrumentos WHOQOL (Bref e SRPB) e a escala de religiosidade de Duke. Na segunda etapa, 25 adeptos participaram da entrevista. Os dados quantitativos foram analisados pela estatística descritiva e pelo coeficiente de correlação de Pearson; as evocações livres, pela análise prototípica; e as entrevistas, análise lexical, por meio do software IRaMuTeQ. Verificou-se que idade, sexo e nível de instrução não influenciaram a qualidade de vida e que a correlação entre qualidade de vida, espiritualidade e religiosidade foi positiva. A escala de Duke evidenciou alta religiosidade intrínseca. Na análise estrutural da qualidade de vida, os léxicos saúde, paz, fé e felicidade possivelmente fazem parte do núcleo central da representação, enquanto bem-estar, saúde, paz, felicidade e tranquilidade tiveram maiores probabilidades de ser centrais. Para tratamento religioso, foram apontados os termos fé, respeito, hierarquia, cuidado, ancestralidade e ebó como prováveis elementos centrais. O amor, apesar de estar na primeira periferia, apresentou características de elemento central. A representação do tratamento religioso para o grupo tem uma dimensão transcendente, reforçada pelo elemento ancestralidade, estando associada às dimensões prática, afetiva e de crença através da palavra fé. Na análise processual, foram gerados dois eixos e quatro classes: eixo 1, intitulado o preparo religioso em diferentes dimensões: corpo humano, processo saúde-doença, comportamentos e práticas de cuidado e de educação, compreendendo as classes 4 e 1, e o 2, denominado o candomblé como espaço de potência e cuidado religioso e biomédico, abarcando as classes 2 e 3. O estudo mostrou que as intervenções por meio do tratamento religioso ligam-se a diversas áreas da vida humana, precipitando fatores que incentivam mudanças de hábitos que modificam a vida cotidiana e espiritual em aspectos subjetivos que repercutem a qualidade de vida. As representações do tratamento religioso são expressões da realidade prática da relação do indivíduo com o divino e suas crenças. As práticas religiosas apresentam-se assentadas em um sistema cultural com significativa ligação entre religião e apoio social que influencia outras em uma relação envolvendo fé, afeto, cuidado e saúde, de forma a promover sentido e propósito para lidar com os desafios do adoecimento e do cotidiano. Considerando a multiculturalidade presente nos ambientes de saúde, percebe-se que os princípios da teoria transcultural poderão auxiliar o planejamento da assistência de enfermagem.