Gêneros e(m) deslocamentos Nos Céus de Suely: a personagem feminina e o roteiro em diálogo com a literatura
Ano de defesa: | 2019 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Faculdade de Formação de Professores Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/21623 |
Resumo: | Este trabalho tem por objetivo promover a reflexão sobre as relações midiáticas entre texto e imagem, seus vínculos e correspondências na cinematografia, e, sobretudo, o texto enquanto literatura na contemporaneidade. Para tanto, consideramos o longa-metragem O céu de Suely, texto (roteiro publicado) e imagem (reprodução fílmica), escrito e dirigido por Karim Aïnouz, em colaboração de Felipe Bragança e Maurício Zacharias. O filme, de 2006, traz em seu enredo um Nordeste da contemporaneidade, e o costumeiro retirante masculino que se desloca entre os espaços a fim de vida e futuro menos árduos dá lugar a outro gênero, o feminino. É a mulher que agora se desloca em busca de seus propósitos. A trama traz a história da jovem Hermila, cearense de 21 anos, mãe de pouco, que retorna de São Paulo para a cidade natal Iguatu - CE com o intuito de um novo (re)começo. Não nasce Suely, torna-se. Em virtude da desilusão amorosa que sofre, descobre-se capaz de ir além dos limites e condições impostas pela sociedade à mulher, tais como sua relação com o corpo e liberdade sexual, o direito e autonomia à mobilidade, entre outros. Ao considerarmos os apontamentos de Foucault (2013) e Butler (2017), sobre a sexualidade e o feminino, por exemplo, entendemos que se trata de um gênero reprimido sexualmente, em que caberia à mulher o contrato da procriação e demais afazeres. Em nosso contexto, a mulher teve também o seu corpo reprimido aos moldes patriarcais, tais quais os europeus, ao longo do tempo: ora escrava, ora prostituta, ora esposa e mãe de filhos. Assim, Irigaray (apud BUTLER, 2017) comenta que a relação entre masculino e feminino não pode ser representada numa economia significante em que o masculino constitua o círculo fechado do significante e do significado. Na ficção, Hermila é essa mulher-corpo que através da experiência com a mobilidade busca compreender-se, ser-em-transição. Seria ela um novo conceito do feminino, corpo que migra e potencializa-se por meio de suas escolhas e deslocamentos? Texto escrito e imagem resultam em um filme capaz de afetar a perspectiva do real e levar à reflexão de que maneira um corpo-feminino-nordestino-migrante poderia buscar seu lugar, sua autonomia e sua liberdade. Por meio de pesquisa de caráter interpretativo, com base em análises e articulações das correntes teóricas, e documental-bibliográfica, propomo-nos observar não somente o diálogo midial existente entre texto e imagem (fílmicos), e as questões que envolvem o gênero feminino, mas também lançamos um breve olhar sobre a publicação do gênero roteiro como “obra” física pós-filme e a viabilidade de sua leitura não apenas instrucional, mas literária, como considera Vera L. Follain de Figueiredo. |