"Em profundo sofrimento": a gestão estatal da automutilação entre crianças e adolescentes de 2017 a 2020

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Cirne, Madalena Campos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/19487
Resumo: Nesta dissertação, investiga-se políticas governamentais de prevenção à automutilação entre crianças e adolescentes, no período de 2017 a 2020. Parte-se da premissa que certos fenômenos em algum momento são identificados ou classificados como um problema social. As ações governamentais aqui analisadas representam uma legitimação e uma resposta à construção do fenômeno da automutilação como um problema a ser gerido pelo Estado. A partir do método da etnografia de documentos, são examinados arquivos públicos das políticas em questão. Tais materiais são reconhecidos como objetos privilegiados da burocracia estatal, explora-se seus efeitos de ocultamento ou de exibição de hierarquias, valores, emoções, práticas e agenciamentos, e a sua materialidade, circulação e estética. Três linhas de força que tecem a gestão da automutilação são discutidas: o enfoque na família como espaço privilegiado para o cuidado ao sofrimento de crianças e adolescentes; a percepção das redes sociais como espaços incitadores de violência contra o público infantojuvenil; e os programas de educação socioemocional como estratégias de prevenção da automutilação. Argumenta-se que, no baixo relevo, essas propostas cristalizam a posição das crianças e adolescentes como figuras vulneráveis; e silenciam as relações de violência no espaço doméstico e a dimensão social do sofrimento. Tais ações governamentais, fabricadas em um momento de avanço de um projeto antidemocrático e anti-igualitário no país, representam um entrelaçamento sutil entre o campo da saúde mental, a linguagem dos direitos humanos e o conservadorismo moral.