“Você [não] é o que fala ― a escolha é sua”: a construção de um livro paradidático interativo para diagnose e desconstrução do preconceito linguístico
Ano de defesa: | 2021 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Letras |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/18296 |
Resumo: | A presente tese foi impulsionada pelo caminho da pesquisa-ação (TRIPP, 2005) pelo desejo de criar, no meio acadêmico, um material de divulgação sociolinguística inovador que ecoasse não apenas a voz da universidade, mas que dividisse o protagonismo com a sociedade. O método de colaboração dialogada transformou alunos dos anos finais do Ensino Fundamental II de uma escola municipal da zona oeste do Rio de Janeiro em participantes da pesquisa, assim, exerceram papel ativo na identificação da demanda; na busca pela solução e em sua implementação. Com o diálogo, detectou-se a lacuna relacionada ao ensino de língua materna diante da visão preconceituosa dos educandos quanto a variantes estigmatizadas, que é perpetuada pela escassez de materiais didáticos que fomentam a reflexão sobre diversidade linguística, predominando textos empregando normas prestigiadas que limitam o fazer pedagógico (VIEIRA; DURVAL, 2017; MORAIS et al, 2017). Diante dessa lacuna, idealizou-se, em parceria com os discentes, a construção do livro “Você [não] é o que fala ― a escolha é sua” a fim de contribuir com a demanda por propostas e materiais didáticos que cumpram ao designo de integrar a pedagogia da variação linguística ao cotidiano escolar (BORTONI-RICARDO, 2005; FARACO; ZILLES, 2015; BRASIL, 2017). A legitimidade de um livro paradidático enquanto produto de uma tese é garantida pelo princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão (BRASIL, 1988) posto que o livro é o fruto de uma pesquisa acadêmica realizada tanto na universidade quanto na sociedade, com o foco de contribuir com o ensino. “Você [não] é o que fala ― a escolha é sua” se caracteriza não apenas como um livro de divulgação sociolinguística, mas, principalmente, como um instrumento de diagnose através do qual o professor poderá tanto fazer uma análise do registro escrito de seu aluno quanto de suas crenças linguísticas. Por ser um livro interativo, o leitor tem a autonomia de decidir as reações dos personagens, orientando os rumos da narrativa. Tais decisões são sinalizadas e justificadas nos espaços do conselheiro, páginas reservadas para a interação do leitor com a obra. Todas as escolhas propostas nesses espaços surgem mediante conflitos em que um personagem precisa reagir ao ser exposto a atitudes de preconceito linguístico motivadas pelo emprego de determinada variante linguística. Portanto, a partir da análise das escolhas e das justificativas feitas pelo discente, propôs-se um modelo de diagnose através do qual o docente poderá identificar suas crenças linguísticas (CYRANKA, 2007) e aplicou-se o modelo de diagnose criado por Bortoni-Ricardo (2005) a fim de identificar aspectos linguísticos a serem inseridos no planejamento pedagógico. Além de servir como material de diagnose e de divulgação sociolinguística, a obra apresenta ainda um papel secundário de material paradidático através do qual o educador poderá implementar a pedagogia da variação linguística no cotidiano escolar ao (a) orientar reflexões sobre a língua, abordando alguns conceitos sociolinguísticos presentes, de maneira sutil, nas falas dos personagens, como o reconhecimento da diversidade e da identidade linguísticas, a desmitificação de pensamentos do senso comum, e a desconstrução do preconceito linguístico; e (b) incluir a análise contrastiva em sua prática pedagógica de maneira que o ensino de língua parta das variantes linguísticas identificadas na escrita discente. |