Aspectos imunohistopatológicos e ultraestruturais de placentas de pacientes infectadas por ZIKV na gestação e investigação dos efeitos desta infecção em mastócitos e células trofoblásticas in vitro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Rabelo, Kíssila
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Faculdade de Ciências Médicas
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Fisiopatologia Clínica e Experimental
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/16827
Resumo: A febre da Zika é uma arbovirose, transmitida principalmente por mosquitos do gênero Aedes, mas há também a possibilidade de transmissão vertical, com relatos alarmantes de casos de Síndrome Congênita da Zika associadas à infecção. Sabe-se que o vírus da Zika (ZIKV) atravessa a placenta e infecta o feto, mas a patogênese dessa doença ainda não foi bem esclarecida. A partir disso, o presente estudo visou compreender melhor as consequências que a infecção pelo ZIKV causa no tecido placentário humano e nos tecidos de um natimorto, assim como nas linhagens de células de mastócitos HMC-1 e trofoblásticas HTR-8/SVneo. Os tecidos foram submetidos à análise histopatológica, imunoensaios e hibridização in situ para detecção viral, de células imunes e citocinas/mediadores inflamatórios, além da avaliação ultraestrutural das células da placenta. Foram realizados os ensaios de PRNT e RT-PCR tempo real no soro das pacientes. Nas linhagens de células, foi padronizado um protocolo de infecção após ensaio de cinética in vitro utilizando imunofluorescência e/ou citometria de fluxo. Em seguida, analisamos as alterações ultraestruturais das células infectadas por microscopia eletrônica de transmissão, observamos a degranulação e liberação de citocinas nos mastócitos ou o estresse oxidativo nas células placentárias. Danos histológicos foram encontrados nas placentas, como a imaturidade vilosa, deposição de fibrina, infiltrado inflamatório, áreas de calcificação e diminuição dos componentes de matriz extracelular. Detectamos células positivas para os antígenos de ZIKV, comprovando inclusive a replicação com a marcação da proteína NS1 e do RNA negativo em diferentes células placentárias e células imunes residentes ou circulantes. O aumento da celularidade (células CD68+ e linfócitos TCD8+) e da expressão de citocinas pró-inflamatórias locais como IFN-ɣ e TNF-α e outros mediadores, como RANTES/CCL5, MMPs e VEGFR-2, sustentam o caráter da inflamação e disfunção placentária causadas pelo vírus. Além disso, notamos que a diminuição da neurotrofina BDNF pode modular os danos neuronais fetais, já que sua expressão foi menor nas placentas de pacientes que tiveram bebês com microcefalia. Foram observadas também alterações histopatológicas, detecção do vírus e evidências de replicação em todos os órgãos do natimorto que foram analisados. Os aspectos ultraestruturais das células infectadas tanto nos tecidos quanto nas culturas de células apresentaram modificações nas organelas, principalmente no retículo endoplasmático e nas mitocôndrias. Observamos que os mastócitos são permissivos à infecção tanto no tecido placentário quanto in vitro e a infecção estimula a degranulação e liberação de citocinas e mediadores. As células trofoblásticas infectadas apresentaram aumento significativo da atividade da enzima antioxidante SOD, das espécies reativas MDA e do ON, enquanto a atividade enzimática de CAT foi menor nas células infectadas pelo ZIKV. Com nossos achados, podemos afirmar que as alterações placentárias causadas pelo ZIKV não são patognomônicas, no entanto, esta infecção leva a alterações placentárias graves, e a infecção algumas vezes resulta no comprometimento ou dano fetal. Os achados apresentados neste trabalho ajudam a entender a imunopatogênese da Zika no contexto materno-fetal.