A configuração e as significações da derrota da seleção brasileira de futebol nas narrativas do jornal o globo durante as copas do mundo de 1950 e 2014: aproximações e distanciamentos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Pelinson, Fabiana lattes
Orientador(a): Oliveira Junior, Constantino Ribeiro lattes
Banca de defesa: Capraro, André Mendes lattes, Marchi Junior, Wanderley lattes, Silva, Lenir aparecida Mainardes lattes, Freitas Junior, Miguel Archanjo de lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual de Ponta Grossa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Departamento de Ciências Sociais Aplicadas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://tede2.uepg.br/jspui/handle/prefix/3301
Resumo: As duas únicas Copas do Mundo de Futebol masculino realizadas em território nacional, em 1950 e 2014, resultaram em derrota, elevada ao nível de tragédia, fracasso, fatalidade – denominadas como as mais marcantes da história da seleção e do futebol brasileiro. Por serem momentos amplos de significado, as participações da seleção brasileira nas Copas do Mundo são narrativizadas pelo jornalismo que constrói e põe em circulação uma série de valores, ideias e sentidos que atravessam a sociedade brasileira. Neste cenário destaca-se a representatividade e relevância das narrativas construídas pelo impresso O Globo, diante da sua significância histórica e status no mercado editorial e na sociedade brasileira. Destas reflexões emergiram os seguintes questionamentos enquanto problema desta pesquisa: Como O Globo constrói a configuração das narrativas acerca da derrota? Quais os elementos estruturantes da narrativa jornalística de O Globo e a significação integral dessa narrativa? Como as metanarrativas – significados de fundo moral – acerca da derrota de 1950 e 2014 se aproximam e/ou se distanciam? Delimita-se como objetivo geral investigar a configuração, os elementos estruturantes e os significados integrados à derrota nas narrativas do jornal impresso O Globo nas Copas do Mundo de 1950 e 2014, suas discrepâncias e congruências, a partir da análise pragmática narratológica. Para isso, adota-se uma pesquisa qualitativa, de cunho descritivo e explicativo, que faz uso da Análise Pragmática da Narrativa Jornalística e do Protocolo de Análise da Cobertura Jornalística para a investigação de 1.349 textos jornalísticos de O Globo acerca da seleção brasileira e as Copas do Mundo em 1950 e 2014. Após a análise dos textos verificou-se que na estória sobre o Maracanazzo a morte do futebol e o clima fúnebre se dão pela derrota inimaginada, dada a convicção esperançosa na vitória. Enquanto a narrativa do Mineiratzen trata da morte do futebol pela derrota inimaginada, dada a expressividade do placar e a perda da singularidade do futebol brasileiro. As derrotas foram construídas narrativamente como derrotas para si mesmo: para o otimismo e a presunção; para o atraso e a perda identitária. As lições ofereceram um sentido pedagógico à derrota, a fim de reestabelecer o futebol nacional e renascer a seleção brasileira – se em 1950 se fortalece a singularidade do futebol praticado no país, como emblema do “ser brasileiro”, em 2014 se desconstrói a percepção de “país do futebol”, justamente pela perda desta identidade. As conclusões direcionam ao entendimento de que as narrativas significam a derrota dentro de enquadramentos habituais e familiares, mantendo-as como parte de um depósito comum já construído e conduzindo à uma espécie de reincidência, a partir do significado consensual da derrota (universo simbólico partilhado na mimese I). Por isso, a derrota é significada como morte social causada pelos próprios brasileiros, vista como aprendizado que permitiria o renascimento do futebol nacional.