Fernando de Azevedo e o conceito de Universidade (1926-1954)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Machado, Breno Pereira lattes
Orientador(a): Campos, Névio de lattes
Banca de defesa: Cavanna, Federico José Alvez lattes, Montaner, Gerardo Jesús Garay lattes, Skalinski Junior, Oriomar lattes, Martiniak, Vera Lucia lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual de Ponta Grossa
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação
Departamento: Departamento de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://tede2.uepg.br/jspui/handle/prefix/4120
Resumo: Esta tese tem por objeto o conceito de universidade formulado por Fernando de Azevedo (1894-1974), um dos representativos intelectuais do contexto educacional brasileiro do século XX. Nesta pesquisa questiona-se: Como Fernando de Azevedo desenvolveu o conceito de universidade e que estratégias utilizou para convertê-lo num projeto político-nacional e associá-lo à criação da Universidade de São Paulo (USP)? Dessa problemática depreende-se que o objetivo geral da tese consiste em caracterizar e analisar o conceito de universidade proposto por Fernando de Azevedo e a sua ação para efetivá-lo no projeto da Universidade de São Paulo (1934). A abordagem circunscreve-se ao período entre 1926 (lançamento do Inquérito sobre ensino superior no Brasil) e 1954 (estudo publicado no jornal O Estado de S. Paulo sobre a Universidade de São Paulo, em comemoração ao IV Centenário da fundação da cidade de São Paulo). Dessa intenção geral decorrem os seguintes objetivos específicos: a) reconstituir algumas facetas da trajetória de Fernando de Azevedo e suas relações com as elites políticas e culturais de São Paulo; b) explicitar o conceito de universidade construído por Fernando de Azevedo, tomando os termos antitéticos à própria experiência de ensino superior no Brasil do século XIX e das primeiras décadas do século XX; c) posicionar as experiências da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, do Instituto de Educação, e a ideia de pesquisa científica e desinteressada no âmbito do conceito de universidade proposto por Azevedo. O estudo apoia-se na História dos Conceitos, de Reinhart Koselleck, para analisar o conceito de universidade assumido por Fernando de Azevedo e suas alterações semânticas na historicidade, levando-se em conta o espaço de experiência (acontecimentos passados) e o horizonte de expectativas (futuro). Também se considera a Teoria Social de Pierre Bourdieu, especialmente o conceito dos capitais, tendo em vista as relações de poder que o intelectual estabelecia com os intelectuais do jornal O Estado de S. Paulo. As fontes selecionadas para a pesquisa derivam da sua produção intelectual, que inclui obras, manifestos, conferências, orações e discursos. Com base no estudo realizado, observou-se que Azevedo teve intensa participação nos debates e no projeto de criação das universidades no Brasil, em sintonia com os princípios do jornal liderado por Júlio de Mesquita Filho, dialogando inclusive com autores estrangeiros de reconhecimento internacional. À luz de tais elementos, e outros, defende-se a tese de que Fernando de Azevedo exerceu o papel de coordenador entre as lideranças políticas e culturais, valendo-se do apoio dos principais grupos que dirigiam São Paulo, dos que estavam associados às Faculdades de Medicina, de Engenharia e de Direito, dos que integravam as forças da imprensa, notadamente O Estado de S. Paulo, que era controlado por Júlio de Mesquita Filho, para sistematizar, publicizar e implementar o que ele chamava de universidade moderna. Azevedo, articulado aos intelectuais ligados ao grupo de O Estado de S. Paulo, mobilizou ações voltadas à defesa e criação de um novo conceito de universidade, que se consubstanciasse na pesquisa científica e desinteressada, no Instituto de Educação e na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras.