A geografia da cura e do sagrado: a resistência das benzedeiras no espaço urbano de Ponta Grossa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Clarindo, Maximillian Ferreira lattes
Orientador(a): Floriani, Nicolas lattes
Banca de defesa: Monastirsky, Leonel Brizolla lattes, Nabozny, Almir lattes, Schoerner, Ancelmo lattes, Hauresco, Cecícilia lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual de Ponta Grossa
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação Doutorado em Geografia
Departamento: Departamento de Geociências
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://tede2.uepg.br/jspui/handle/prefix/2810
Resumo: Esta pesquisa tem por objetivo geral compreender a reprodução da medicina popular no espaço urbano de Ponta Grossa - Paraná, através do saber-fazer das benzedeiras remanescentes na cidade, desde seus modos de viver e de habitar no e com o espaço (sistema de objetos/ações) que agencia relações sociais entre coletivos humanos e destes com os não-humanos. Neste sentido, abordam-se as múltiplas dimensões simbólicas (materiais e não materiais) que constituem este sistema de saberes e práticas tradicionais. Para tanto, discute-se a medicina popular de forma articulada com o relativo grau de urbanização da cidade de Ponta Grossa, bem assim, os elementos modernos que compõem estas espacialidades em um constante diálogo entre modernidade/tradição. Aborda-se o tema a partir de uma das perspectivas emergentes da ciência Geográfica – a Geografia da Saúde – outrossim, avança-se em termos de uma abordagem plural de saúde e doença, mas que considere antes o viés cultural e humanístico. Assim, dentro de uma sociologia das ausências e emergências, trabalha-se com o método da história oral no intuito de traduzir a organização social destes atores no espaço urbano através do empoderamento social que lhes é conferido. Constata-se que através destes saberes são organizados microterritórios que interconectados estruturam uma rede urbana de reciprocidade e solidariedade em que são movimentados fluxos de trocas e de valores sociais distintos (contra hegemônicos) e de proximidade (diálogo interpessoal). Trata-se de um novo olhar para o urbano, cuja presença de geossímbolos, provenientes comumente de um passado rural tensionam reflexionar os imaginários geográficos. A pesquisa estruturada em quatro capítulos apurou que as benzedeiras resistentes no espaço urbano de Ponta Grossa continuam a desempenhar suas atividades, atendendo um número expressivo de pessoas. Através de suas histórias de vida percebe-se que a ação da modernidade (em sentido lato) sobre seus conhecimentos tradicionais acabou por ressignificar antigos hábitos e incorporar novos elementos em suas práticas. A valorização e reconhecimento desta tradição é uma das apostas para mantê-lo forte, nutrir sua projeção ao longo dos anos e fazer frente ao preconceito e descrédito manifestado por alguns segmentos sociais, além de constituir uma poderosa ferramenta de enfrentamento à crise do modelo civilizatório.