Fantasmas de Foucault : poéticas de indicialidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Mello, Eduardo Reis lattes
Orientador(a): Gomes, Daniel de Oliveira lattes
Banca de defesa: Pavloski, Evanir, Andrade, Ana Luiza
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual de Ponta Grossa
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós - Graduação em Estudos de Linguagem
Departamento: Departamento de Estudos da Linguagem
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://tede2.uepg.br/jspui/handle/prefix/2782
Resumo: A partir do final do século XIX, uma racionalidade baseada em saberes intuitivos introduzia, com notável potência, novas possibilidades de percepção. O visível e o enunciável, presentes nos momentos fundadores das ciências humanas, forneciam à figura do perito, um olhar assimétrico, capaz de detectar o invisível na transpiração indicial das coisas e das pessoas. De acordo com a mesma lógica, contemporaneamente a ela, a fotografia policial passava a ser utilizada com o objetivo de catalogar as pessoas, dividi-las em “tipos” e mesmo isolar características fisionômicas que denunciassem o fotografado. Nesse contexto, o intencional perde precedência frente ao involuntário. A psicanálise conecta-se com o inconsciente através dos atos falhos, os detetives buscam em mínimos vestígios a solução de um crime. O índice, enquanto signo vazio, permite o enxerto de significados ao mesmo tempo em que coloca o observador em um contato quase físico com o referente. Os efeitos de poder dessas lógicas são bastante claros e, entretanto, uma poética ligada ao gesto e à intuição, não deixa de produzir uma semiótica ambígua, na qual o signo da aniquilação é também vestígio de uma resistência. Nas últimas três décadas do século XX, artistas como Miguel Rio Branco e Rosângela Rennó utilizaram os aspectos indiciais da fotografia e do arquivo em sua produção. Cada registro marca, paradoxalmente, uma memória e um apagamento. A consignação gerada pela inclusão de uma pessoa no arquivo policial funda uma espécie de apagamento do referente, que neste trabalho será tratado como “infâmia”. A desaparição, entretanto, é permanente em sua intermitência, dando lugar a pequenos “levantes” de arquivo que, tal como a vida dos homens infames a que se referia Foucault, conectam-nos com uma história que se constrói enquanto experiência.