Aspectos comportamentais de um peixe neotropical que experimenta a ausência de peixes predadores sob a perspectiva da hipótese da ingenuidade ecológica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Mayer, Bruna Angelina lattes
Orientador(a): Artoni, Roberto Ferreira lattes
Banca de defesa: Abilhoa, Vinicius, Karling, Leticia Cucolo
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual de Ponta Grossa
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas
Departamento: Departamento de Biologia Geral
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://tede2.uepg.br/jspui/handle/prefix/3200
Resumo: Populações isoladas por muitas gerações tendem a sofrer alterações genotípicas e fenotípicas que se acentuam ao longo do tempo de forma a inviabilizar o cruzamento com indivíduos da população matriz. Esse fenômeno evolutivo é conhecido como especiação alopátrica e, apesar de relativamente comum, é um processo lento, cujo estabelecimento é de difícil percepção em populações naturais. Dentre as expressões fenotípicas afetadas pelo isolamento, o comportamento pode apresentar alterações discretas. Mediante esse contexto, investigou-se uma população de um pequeno caracídeo Neotropical (Astyanax aff. fasciatus) que vive isolada geograficamente em completa abstenção de interações com outra espécie de peixe, e, portanto, experimenta atenuação de efeitos da predação. Tal configuração de isolamento é rara na natureza e caracteriza uma excelente oportunidade para testar hipóteses ecológico-evolutivas, tal como a Hipótese da Ingenuidade Ecológica (HIE), que sugere que o isolamento entre presa e predador acarreta a perda da capacidade da presa reconhecer ou responder com eficiência a uma ameaça de predação. Nesse cenário, investigou-se experimentalmente (i) o reconhecimento do predador (nível 1 da HIE), sob a hipótese de que indivíduos de populações isoladas (PI) perderam a capacidade de reconhecer um peixe predador; e (ii) a resposta a um estímulo de predação (nível 2 da HIE), sob a hipótese de que esses indivíduos isolados apresentam resposta anti-predador similar às apresentadas por indivíduos da população não isolada (PNI). Os resultados sugerem que indivíduos da PI apresentam diminuição da percepção da ameaça de predação específica, mas sua resposta ao estímulo de ataque generalizado é semelhante à resposta apresentada por indivíduos da PNI. Esses resultados sugerem que a ausência do predador ao longo de gerações proporciona a perda de comportamentos com elevado custo energético (como vigilância) e posteriormente comportamentos que demandam custo menor (como fuga). Além disso, a agilidade na fuga provavelmente não é diminuída pois essas populações estão sujeitas a estímulos de outros predadores (como aves) e a interações intraespecíficas negativas, como a agressividade na disputa por recursos.