Do códex ao livro-voz: de como o conto se converte em canto na narrativa de Marcelino Freire - um estudo da performance de voz subalterna na plataforma dos audiolivros Contos Negreiros e Angu de Sangue

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Souza, Auricélio Ferreira da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual da Paraíba
Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa - PRPGP
Brasil
UEPB
Programa de Pós-Graduação em Literatura e Interculturalidade - PPGLI
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://tede.bc.uepb.edu.br/jspui/handle/tede/3567
Resumo: Este estudo propõe uma abordagem sobre a presença de certas marcas próprias da oralidade nas obras Angu de Sangue (2000) e Contos Negreiros (2005) do autor pernambucano Marcelino Freire. Marcas estas que, em conjunto, servem como indicadores de uma escrita contaminada por um logos oral, isto é, um modo de composição literário comprometido mais com uma sonoridade do que com a materialidade narrativa (enredo, espaço, ambiente, tempo e personagem). Haveria nesse modo, portanto, um empenho na experiência em detrimento ao registro, a palavra potencializada como dito, verve, voz e não como grafia do fato. Estruturada por esta via, estamos falando de uma análise da performance vocal, por isso nos interessam as plataformas impressa e em audiolivro dessas obras. O objetivo é investigar em que medida esta performatividade projeta não a representação, mas a experiência de subalternidade no espaço urbano-periférico contemporâneo. Tal experiência é ativada pela ação de um ente que fala de si per si, sequestrando a condução da narrativa, sempre sobre a pressão do sonoro, dando ao interlocutor acesso a um modus vivendi e, consequentemente, implodindo a forma literária conto, ao passo em que se aproxima muito mais de estruturas orais (a poesia, o canto, o rap, etc). Esse ente é o que chamamos personagem-voz, centro de nossa argumentação. O percurso metodológico empreendido para identificar e particularizar a dimensão performática de tal ente (a voz como inscrição, presença e confronto) passa pela investigação sobre os espaços em que se embatem os conceitos de escrita, escritura, inscrição, oratura, fala e voz. Vale-se, para tanto, dos campos de força da Crítica Pós-colonial, Teoria Crítica, e Semiótica. Para o enfrentamento teórico, a pesquisa arregimenta tanto recortes das discussões contemporâneas sobre as diferentes instâncias de exclusão/marginalização e de seus efeitos no campo da representação artística (Spivak, 2010; Virno, 2007; Hardt e Negri, 2005; Bhabha, 1998; Gumbrecht, 1998; Gilroy, 2001; Perlman 1977). Quanto de uma ampla frente de pensamento que, ao tematizar a condição do sujeito moderno no jogo social contemporâneo, termina por trafegar sobe o movediço terreno dos fenômenos comunicacionais: suportes, midialidade, oralidade, voz, performance, inscrição, identidade e resistência. Não necessariamente focamos numa escola, geração, grupo ou autor, nossa leitura optou por abranger a produção de autores em terrenos distintos, mas por diversos modos, dialogais (Chartier, 2001, 2002; Cohen, 2009, 1998; Dalcastagnè, 7 2015, 2007, 2005; Debray, 1995; Deleuze/Guattari, 2004, 1995, Hall, 2003, 2000; Martín-Barbero, 2001, 1995; Mcluhan, 1972; Merleau-Ponty, 1994; Nancy, 2005; Ong, 1998; Strawson, 2008; Zumthor, 2010, 2014 dentre outros)