O riso profano: carnavalização no audiolivro êxodo, nos bastidores da Bíblia, de Carlos Ruas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Lima, Luana Ribeiro de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=94677
Resumo: Esta pesquisa, situada na área de Linguística Aplicada, serve-se, teórico e metodologicamente, dos trabalhos desenvolvidos pelos estudos bakhtinianos, que alicerçam a criação da Análise Dialógica do Discurso e a proposta da teoria da carnavalização. Dessa maneira, fundamentamo-nos, principalmente, em Bakhtin (1993; 2002; 2018) e Bakhtin/Voloshinov (2006), assim como em autores contemporâneos que se debruçam sobre os estudos relacionados à perspectiva círculo-bakhtiniana da linguagem, tais como Brait (2003; 2010; 2013; 2016), Fiorin (2016a; 2016b), Faraco (2009), De Paula (2013), entre outros. O objetivo desta pesquisa é, pois, investigar o texto paródico do audiolivro Êxodo, Nos bastidores da Bíblia (EBB), de modo a perceber como a carnavalização bakhtiniana se faz presente nesta obra de Carlos Ruas. Produzido em 2016 pela plataforma brasileira de audiolivros Tocalivros, o audiolivro EBB é uma paródia da narrativa bíblica encontrada nos livros do Antigo Testamento, mais precisamente nos primeiros livros, que compõem o chamado Pentateuco. A narrativa de Ruas, à semelhança do texto bíblico, traz ao ouvinte a história de libertação do povo hebreu que, guiado por Moisés, enfrenta diversos obstáculos em seu percurso rumo à terra prometida por Deus. Por outro lado, diferentemente da narrativa das escrituras sagradas, Ruas conta essa história ao revés. Realizando uma pesquisa qualitativa de viés interpretativista, procedemos à análise do corpus em que se constatou que a versão paródica criada por Ruas constrói uma imagem carnavalizada do relato bíblico ao dessacralizar a natureza e as ações divinas, apresentando um Deus corrompido moral e psicologicamente. Além disso, Ruas também profana o texto sagrado ao apresentar, por meio do riso carnavalizado, personagens bíblicas fora da sua lógica habitual, como ocorre com as personagens Moisés, Luci e com o próprio narrador da história. A partir disso, este estudo evidenciou a predominância da categoria da cosmovisão carnavalesca denominada profanação, que aparece, na paródia carnavalizada de Ruas, conectada a outras categorias carnavalescas, como o livre contato familiar e as mésalliances carnavalescas. Por tudo isso, pode-se afirmar que o discurso parodístico de EBB ressignifica o texto bíblico a partir de vários aspectos da cosmovisão carnavalesca, os quais lhe atribuem sentidos valorativos incomuns ao discurso religioso judaico-cristão, uma vez que profanam uma narrativa que é, para muitos, sagrada. Palavras-chave: Análise Dialógica do Discurso. Carnavalização. Paródia. Narrativa Bíblica. Audiolivro Êxodo, Nos bastidores da Bíblia.