Resumo: |
A artrite é definida como doença crônica que pode vir a afetar as articulações. Acompanha formação de edema articular, dor, rigidez e deformidades. Diversos fatores podem induzir artrite como por exemplo o dióxido de titânio presente nas próteses articulares. Espécies reativas de oxigênio podem induzir processo inflamatório e dor através da estimulação de mediadores inflamatórios e sensibilização dos neurônios via ativação de canais iônicos, como receptor de potencial transitório vanilóide subtipo 1 (TRPV1). Os mediadores lipídicos especializados pró-resolução (MLPRs) são uma classe parcialmente definida por sua função de limitar o acúmulo de neutrófilos no tecido, regular citocinas pró-inflamatórias e estimular a fagocitose dos macrófagos. Atuam no desfecho do processo inflamatório, através de ações resolutivas, estimulando a liberação de óxido nítrico endotelial. Portanto, esse trabalho demonstrou os efeitos analgésicos e anti-inflamatórios da RvD1 e RvD2 em modelo de artrite crônica induzida por TiO2 e em modelo agudo induzido por KO2. No modelo de TiO2, os camundongos Swiss machos (n=6 por grupo), foram estimulados com injeção intra-articular de 3 mg/ articulação de TiO2 para induzir artrite crônica e 24 horas depois foram tratados com RvD1 e RvD2 (1, 3, 10ng/ animal intraperitoneal [i.p]). A RvD1 na dose de 3 ng diminuiu a hiperalgesia mecânica e térmica, edema articular induzido e o recrutamento de leucócitos para a cavidade intra-articular. O tratamento com RvD1 reduziu o desequilíbrio das patas traseiras através do static weight bearing (SWB) e não apresentou danos toxicológicos no tratamento por 30 dias. A RvD2 na dose de 10 ng, diminuiu a hiperalgesia mecânica e térmica, o edema articular, danos histológicos e a migração induzida por TiO2. Reduziu o desequilíbrio das patas traseiras através do SWB, demonstrando sua ação analgésica. Para o modelo de KO2, utilizamos camundongos tratados com 3 doses de RvD2 [1, 3, 10ng/animal, i.p] ou veículo [1% etanol em salina, i.p], 30 minutos antes do estímulo inflamatório com KO2 [30 µg/animal, intraplantar (i.pl.)]. A hiperalgesia mecânica foi determinada por versão eletrônica. A hiperalgesia térmica foi através do teste de Hargreaves e placa quente. A dor manifesta foi avaliada pelo número de contorções abdominais, sacudidas da pata (flinches) e tempo de lambida expressos ao longo de 20 e 30 minutos. A migração leucocitária foi determinada a partir da contagem das células presentes no tecido plantar dos animais 7h após o estímulo. A presença da citocina IL-1b foi avaliada por ELISA. O tratamento com RvD2 foi capaz de diminuir hiperalgesia mecânica apresentando analgesia em todos os tempos, além de diminuir a hiperalgesia térmica.Houve redução nos comportamentos de dor espontânea como número de contorcções abdominais e sacudidas de patas, redução no tempo de lambida de pata. Ademais, observamos redução na produção da citocina IL-1b e o recrutamento de leucócitos no tecido plantar induzidos pelo KO2. Portanto a RvD1 e RvD2 são abordagens terapêuticas interessantes no contexto da dor articular crônica e inflamação aguda por KO2, demonstrando potencial efeito analgésico e anti-inflamatório em ambos os modelos. |
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