Perspectivas historiográficas sobre a escravização africana e afro-brasileira nos livros didáticos de história de Gilberto Cotrim (1987-2016) : entre mudanças e permanências

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Xavier, Érica da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.uel.br/handle/123456789/18412
Resumo: Nesta tese, os livros didáticos de História são examinados como objetos culturais com um potencial significativo para revelar nuances da cultura histórica de sua época. Reconhecemos que esses materiais desempenham um papel crucial na construção da memória coletiva, agindo como veículos de conhecimento científico validado sobre temas históricos. Além disso, destacamos como eles frequentemente apresentam a alunos e professores a abordagens e enfoques atualizados da historiografia, influenciando a formação de memórias históricas. O foco desta pesquisa é entender como os livros didáticos de História se apropriam da historiografia sobre a escravização africana e afro-brasileira e como essa apropriação se relaciona com a memória coletiva e a desconstrução de estereótipos racistas, em livros didáticos. Investigamos as perspectivas historiográficas presentes nos livros da coleção de Gilberto Cotrim, questionando se estas se renovam apresentando mudanças ao longo do tempo ou se apenas se repetem, em permanências. Para alcançar esse objetivo, mergulhamos nas discussões acadêmicas sobre a escravização brasileira, explorando diferentes abordagens propostas por diversos historiadores. Em seguida, utilizamos o método de análise de conteúdo de Laurence Bardin (2011) para examinar os conteúdos substantivos presentes nos livros didáticos, categorizando-os de acordo com os modelos interpretativos da historiografia. Estes modelos incluem: a visão do cativeiro brando, considerada tradicional; a perspectiva do escravo-coisa ou escravo-rebelde, de teor revisionista marxista ou economicista; e a abordagem que considera os escravos como agentes de transformações sociais e protagonistas de sua própria libertação, representando trabalhos mais recentes. Os resultados da pesquisa demonstram que ao longo de 30 anos de produção, as coleções de Gilberto Cotrim tendem a reiterar perspectivas historiográficas já estabelecidas, em vez de renová-las. Isso sugere uma falta de mudanças efetivas na formação do sentido histórico de alunos e professores que utilizam esses materiais, os quais são poderosas ferramentas na construção da memória coletiva e na formação do pensamento histórico. Fundamentamos nossa abordagem teórica sobre a formação do sentido histórico e da consciência histórica relacionada ao livro didático de História principalmente nas ideias do historiador e filósofo alemão Jörn Rüsen. Sobre a pesquisa, consideramos que há uma necessidade premente de abrir novas discussões sobre como os livros didáticos de História abordam a escravização africana e afro-brasileira e como a persistência de estereótipos sobre a figura do negro escravizado precisa ser (re) trabalhada na produção de conteúdo didático.