O Legado de Deméter: resgate do desenvolvimento das origens femininas na cozinha

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Costa, Ewerton Reubens Coelho
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=115102
Resumo: Esta investigação meticulosa propende investigar como as dinâmicas de poder e a distinção de gênero influenciaram e contribuíram para a dissimulação histórica quanto ao protagonismo feminino nas raízes da história da alimentação e da cozinha, destacando as formas pelas quais suas contribuições foram minimizadas, ocultadas ou atribuídas erroneamente a outros agentes históricos permeando as distintas eras da história humana. A análise desvela os reflexos imbricados nas esferas pública e privada, atrelados à diferenciação de gênero, cujos resquícios persistem como fios condutores de continuidades culturais e materiais, perpetuando a intrincada relação entre alimentação e gênero. A ocultação sistemática ou a exclusão deliberada das mulheres dos anais da história alimentar e culinária emerge como uma problemática a ser escrutinada, especialmente quando contemplada a partir da perspectiva do espaço culinário, conforme delineado por Polain (2002). Este conceito abarca não apenas o espaço geográfico da cozinha, mas também o seu espaço social, onde se desenha nítida a distinção social e sexual que a permeia. Como uma incursão no âmbito sócio-histórico, este estudo busca resgatar contextos históricos e sociais que contribuíram para a obliteração secular das raízes femininas na culinária, evidenciando como a diferenciação de gênero se manifestou ao longo das eras, obstruindo as origens femininas da alimentação e da cozinha na sociedade. A pesquisa, embasada em dados provenientes de fontes primárias e secundárias, desdobrou-se sob a égide de metodologias qualitativas e exploratórias, cujo percurso encontra minuciosa exposição na seção dedicada à metodologia. Partindo da venerável figura de Deméter, deusa grega da agricultura, este estudo almeja desdobrar as múltiplas camadas que compõem o papel da mulher ao longo das eras, desde a Antiguidade até os dias contemporâneos. Destaca-se a importância feminina no advento da agricultura, na sustentação das sociedades e na gestação do domínio culinário. Ademais, examina-se como a dicotomia de gênero foi instrumentalizada para velar a preeminência feminina nos primórdios da história alimentar e culinária, influenciando diretamente as relações e hierarquias nas cozinhas desde tempos imemoriais até os dias atuais. Este estudo revela a intrincada relação entre o doméstico (privado) e o profissional (público) que permeiam a culinária, reforçando ideias arraigadas de gênero, delineando o doméstico como feminino (cozinheira) e o público como masculino (chefe de cozinha), resquícios que remontam à Revolução Industrial. A análise histórica evidencia que, desde tempos imemoriais, as mulheres desempenharam o papel central na preservação dos recursos naturais, florestas e terras agrícolas, visando ao "uso perpétuo", em virtude de sua responsabilidade intrínseca em garantir a subsistência familiar por meio do fornecimento e preparo de alimentos.