Estudo da atividade antinociceptiva de um novo fator extraído do veneno de Crotalus durissus collilineatus

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Olinda, Ana Carolina Campos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=59901
Resumo: A propriedade antinociceptiva dos venenos de algumas subespécies de serpentes, principalmente o da espécie Crotalus durissus, tem sido demonstrada em diversos modelos experimentais. O atual trabalho teve como objetivo o isolamento e a caracterização farmacológica de uma substância com efeito analgésico periférico e central presente no veneno da subespécie Crotalus durissus collilineatus. E, como objetivos específicos, fracionar o veneno da Crotalus durissus collilineatus, purificando um fator que possui atividade analgésica, através de cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) em uma coluna preparativa de fase reversa C18; estudar, utilizando ensaios farmacológicos, as suas atividades analgésicas periférica, central, de origem neurogênica e inflamatória, comparando-as com a do analgésico clássico morfina e verificar o envolvimento do sistema opióide no efeito analgésico da nova substância através do uso da naloxona – antagonista opióide clássico. Foram realizados os testes de contorções abdominais induzidas por ácido acético, da formalina, do aquecimento da cauda (tail-flick) e da placa quente. Em todos os testes realizados foram utilizados camundongos swiss (Mus musculus) (n=6) e a via de administração do fator Cdc e da morfina foi a intravenosa. No teste de contorções abdominais, o fator Cdc apresentou atividade analgésica periférica nas doses de 1 mg/Kg (19,75 ± 0,32); 5 mg/Kg (9,90 ± 2,10) e 10mg/Kg (4,20 ± 0,85) em relação ao controle negativo (43,10 ± 2,51). Quando comparado, mol a mol com a morfina, o fator Cdc foi, aproximadamente, 174% mais potente. No teste da formalina, fase 1, o fator Cdc, apresentou atividade antinociceptiva de origem neurogênica nas doses de 2,5 mg/Kg (95,75 ± 8,20); 5 mg/Kg (68,33 ± 3,45) e 10 mg/Kg (35,50 ± 7,10) em relação ao controle negativo (152,90 ± 11,22). Também foi observado que o fator Cdc foi 157% mais potente que a morfina, quando comparados mol a mol. Na fase 2 do teste da formalina, o fator Cdc inibiu, de forma significativa, o tempo de lambidas na pata injuriada nas doses de 1 mg/Kg (116,00 ± 6,14); 5 mg/Kg (47,25 ± 2,90) e 10 mg/Kg (20,67 ± 6,20) em relação ao controle negativo (175,70 ± 12,51), demonstrando atividade analgésica de origem inflamatória. Comparando mol a mol com a morfina, o fator Cdc foi, aproximadamente, 170% mais potente. No teste da placa quente, o fator Cdc apresentou atividade antinociceptiva central-cerebral nas doses de 2,5 mg/Kg (7,55 ± 0,64); 5 mg/Kg (8,08 ± 0,90) e 10 mg/Kg (9,60 ± 0,78) em relação ao controle negativo (4,76 ± 0,26). Também foi observado que o fator Cdc foi, aproximadamente, 108% mais potente que a morfina, quando comparados mol a mol. No teste do tail-flick, o fator Cdc, nas doses de 1 mg/Kg (67,28 ± 1,72); 2,5 mg/Kg (66,50 ± 2,26); 5 mg/Kg (66,26 ± 1,49) e 10 mg/Kg (66,05 ± 1,81), aumentou significantemente o tempo de reação reflexa de retirada da cauda em relação ao controle negativo (51,15 ± 0,77), demonstrando uma ação analgésica centralmedular. Quando comparado com a morfina, mol a mol, o fator Cdc foi, aproximadamente, 153% mais potente. Foi verificado também que a naloxona (5mg/kg-i.p.) foi capaz de bloquear o efeito antinociceptivo do fator em todos os testes realizados, indicando uma provável participação da via opióide no seu mecanismo de ação. A descoberta de um fator com ação analgésica periférica e central, extraída do veneno da serpente Crotalus durissus collilineatus, abre uma grande perspectiva para o desenvolvimento futuro de novas drogas mais potentes que os atuais opióides e com menos efeitos colaterais. Palavras-chave: Crotalus durissus collilineatus, atividade analgésica, sistema opióide.