Resumo: |
Esta tese trata da maternidade simbólica exercida pelas mães-de-santo na Umbanda em Fortaleza e Região Metropolitana. Tem como objetivos construir a memória histórica do Espiritismo de Umbanda no Ceará por intermédio da narrativa dos seus adeptos, considerando o contexto e as transformações por que essa religião passou e o entrecruzamento com os projetos religiosos das mães-de-santo; interpretar as teias de significado que as sacerdotisas atribuem à maternidade espiritual perpassada de simbolismos, na busca de saber o que é ser mãe-de-santo em seus aspectos socioculturais. A pesquisa é de cunho qualitativo, mediante o uso do método da história oral, tendo como instrumentos de coleta de dados a entrevista e a observação participante. Foram colhidos depoimentos orais na comunidade de terreiros entre os anos de 2004 e 2009, junto a mães, pais e filhos e filhas-de-santo. O estudo apresenta as mães-de-santo como guardiãs de uma tradição que se renova na dinâmica contemporânea. No campo religioso, o feminino e a maternidade das sacerdotisas se constituem a partir das referências simbólicas dos orixás e das entidades espirituais que lhes guiam. Por meio deste simbolismo, constroem-se novos espaços de luta contra a opressão feminina, transgressão aos poderes e discursos oficiais que circunscrevem os domínios da mulher. A maternidade está envolta por uma teia de complexidade tecida pelo imaginário social presente na nossa cultura, cujos símbolos trazem a representação da bondade, do cuidado e da proteção. As práticas religiosas dessas mães-de-santo revelam contradições, conflitos e ambigüidades que demarcam relações de poder. Possuem uma visão de mundo mítica, apresentam soluções e explicações do universo mítico e têm soluções e explicações no mundo "real" ao justificar suas condutas. A dimensão sociocultural na maternidade simbólica das mães-de-santo não pode ser reduzida às formulações racionais, acreditando que elas só protegem e cuidam. Mas vão além, convivem com o incerto, o que provoca nelas o poder de criar e reinventar suas práticas na vida cotidiana. Palavras-chave: Religiões Afro-Brasileiras, Umbanda, Maternidade, Simbolismo e Imaginário Social. |
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