Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
MARTINS, SAMUEL MACIEL |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso embargado |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual do Ceará
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=111920
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Resumo: |
Bom-Crioulo (1895), de Adolfo Caminha, é um marco para o Realismo-Naturalismo brasileiro. A aparição de uma personagem negra homossexual como protagonista da obra de um autor que se afirmava em um cenário nacional intriga por si só. No entanto, essa representação apresenta-se complexa, dado o seu contexto histórico e ideológico, ao considerar a influência dos estudos científicos da Natureza sobre as relações sociais naquela época. Nesse sentido, esta dissertação tem o objetivo de analisar os limites da narrativa de Bom-Crioulo, autoria de Adolfo Caminha, ex-oficial da Marinha, a fim de compreender como se deu a representação da personagem negra em uma posição de protagonismo. Precedente à análise, há a discussão teórica sobre os conceitos literários autoria e representação. Além disso, se discute casos de fugas de escravizados rumo à Marinha e de insubordinação de escravos-marinheiros reportados por jornais brasileiros na segunda metade do século XIX, em um recorte anterior à Abolição, a fim de compreender o sentido político e ideológico das fugas e das revoltas numa aproximação ao que se tem na narrativa de ficção. O trabalho foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica e documental ao dar enfoque à obra de Adolfo Caminha e à fortuna crítica de sua produção intelectual. De modo complementar, notícias de jornais foram utilizadas para recuperar a trajetória de homens negros que fugiram do cativeiro para a Marinha, assim como daqueles que submetidos a castigos corporais revoltaram-se violentamente contra os oficiais da Armada. Dentre os resultados, foi possível perceber que antes de a obra ser condenada por alguns críticos, ela é quem condena a homossexualidade e o homem negro através de estereótipos animalescos. A despeito de apresentar um discurso contrário às práticas de castigos corporais, a realidade que se cria na obra oferece a Amaro caminhos que não lhe cabem, o que lhe faz recair em constantes fugas. Conclui-se que a representação da personagem negra em Bom-Crioulo ocupa o lugar da ambivalência, entre a afirmação da humanidade da personagem e a sua caracterização como fera, como aberração, como animal, o que posiciona a obra em um lugar de transição ideológica, a respeito da representação da personagem negra, ao mesmo tempo em que afirma e reafirma a homossexualidade como delito contra a natureza. |