Grupo de mães e familiares que têm filhos/as no sistema socioeducativo de Fortaleza: tecendo resistências e (re)existências interseccionais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Oliveira, Franciane da Silva Santos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=97273
Resumo: <div>O Grupo de Mães e Familiares do Sistema Socioeducativo de Fortaleza nasceu a partir das demandas trazidas pelas mães diante de um contexto de inúmeras violações de direitos de seus/as filhos/as que cumpriam medidas socioeducativas nas unidades de internação, sobretudo, no auge de motins e rebeliões em vários centros socioeducativos entre o período de 2014 e 2015, acarretando em uma série de violências promovidas pelo Estado. Diante disso, várias mães e familiares se organizaram, munidas pela dor e na garantia de resguardar a vida de seus/as filhos/as, haja vista que a problemática da violação de direitos humanos por órgãos de segurança pública tem sido pauta histórica das entidades de direitos humanos, entre outras organizações. Nesse âmbito, destacam-se as organizações articuladas por mulheres que possuem filhos, sobrinhos, netos e companheiros que estão cumprindo medidas socioeducativas, como é o caso do Grupo de Mães. Isto posto, a pesquisa ora proposta tem a pretensão de tecer uma análise sociológica sobre de que forma o Grupo de Mães e Familiares do Sistema Socioeducativo constrói suas resistências e (re)existências interseccionais cotidianas. Além disso, buscou-se pesquisar as transformações que ocorreram na vida dessas mães após sua inserção e atuação no Grupo, a partir de sua compreensão acerca da questão sociorracial no que remete à condição de mulher-mãe e negra, em condição de pobreza, residente na periferia, tal como se repercute à militância no seio do sistema socioeducacional, vide análise sociológica interseccional. Buscou-se elucidar o processo de politização das mães no confronto cotidiano às práticas discriminatórias que permeiam o contexto da socio educação. Adotamos a abordagem qualitativa, por entendermos que se trata de um fenômeno social, o que possibilita a leitura da realidade por intermédio das trajetórias de vida vivenciadas pelos sujeitos da pesquisa. Realizamos pesquisas bibliográficas, documental e de campo, utilizando as técnicas: observação participante, diário de campo e entrevistas a partir de depoimentos orais de três mães que compõem o Grupo de Mães e Familiares do Sistema Socioeducativo. A análise do material empírico levou em consideração o viés interseccional, no que tange ao movimento organizativo das mulheres-mães em luta constante, via maternidade ativista. Elas reinventam e mobilizam o corpo materno e se fazem sujeitos visíveis na política por intermédio e ressignificação da maternagem negra. As mulheres-mães recontam, recriam, retecem, constroem e reconstroem coletivamente, fio a fio, resistências e (re)existências sociais no tecido societário. Podemos aferir, a partir dos resultados obtidos, por meio das suas narrativas, os atravessamentos sociorraciais, de gênero, classe social e territorialidade no cerne da mobilidade política e maternância, sobremaneira, na atuação ativista do Grupo. Essas mulheres-mães geriram tessituras interseccionais no fazer/tornar visível e vivível vidas negras, sobretudo, jovens em regime de cumprimento de medidas socioeducativas e pós internação. Desta forma, o coletivo organizativo de mães, em sua potencialidade, tece e retece suas resistências e (re)existências cotidianas, por ousar, vislumbrar/projetar e esperançar por outras possibilidades de existência e o Bem viver.</div><div><br/></div><div>Palavras-chave: Mulher-mãe-negra. Sistema Socioeducativo. Racismo Institucional.Maternidade Ativista.<br/></div><div><br/></div><div><br/></div>