Parasitos metazoários de cetáceos da costa nordeste do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Carvalho, Vitor Luz
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=59664
Resumo: Os cetáceos são parasitados por uma grande diversidade de endo e ectoparasitos, que se distribuem por diversos tecidos, órgãos e cavidades. Algumas espécies estão relacionadas com causas de encalhes e mortalidade de golfinhos e baleias. Além do conhecimento sobre os efeitos patológicos destes organismos, destaca-se sua grande importância em estudos ecológicos e evolutivos. No Brasil, a fauna parasitária de cetáceos é pouco conhecida, sendo os principais estudos realizados nas regiões sul e sudeste. O objetivo deste trabalho foi identificar as espécies de parasitos metazoários encontradas em cetáceos resgatados na costa nordeste do Brasil. Parasitos foram coletados de 86 cetáceos resgatados entre os estados do Ceará a Bahia, incluindo o arquipélago de Fernando de Noronha, entre os anos de 1994 e 2009. As amostras foram obtidas em procedimentos de necropsia e de animais vivos mantidos em reabilitação ou que se encontravam no ambiente natural. Foram avaliados cetáceos de 14 espécies: Sotalia guianensis (n=21), Stenella clymene (n=16), Stenella longirostris (n=13), Megaptera novaeangliae (n=6), Peponocephala electra (n=5), Steno bredanensis (n=4), Kogia breviceps (n=4), Kogia sima (n=3), Globicephala macrorhynchus (n=3), Stenella coeruleoalba (n=2), Stenella sp. (n=2), Tursiops truncatus (n=2), Physeter macrocephalus (n=2), Lagenodelphis hosei (n=2) e Stenella frontalis (n=1). Os parasitos foram fixados e conservados e álcool 70% ou AFA, clarificados em fenol, corados com hematoxilina (platelmintos e acantocéfalos) e montados em lâmina definitiva para identificação morfológica em microscópio óptico. Foram identificadas 11 espécies e oito gêneros de endo e ectoparasitos, presentes em diferentes órgãos, tecidos e cavidades corpóreas, sendo estes: os nematóides Halocercus brasiliensis (pulmão), H. kleinebergi (pulmão), Stenurus globicephalae (ouvido interno) Halocercus sp. (pulmão), Anisakis sp. (estômago) e Crassicauda sp. (musculatura e pênis); os cestóides Phyllobothrium delphini (gordura), Monorygama grimaldii (cavidade abdominal), Scolex pleuronectis (fígado), Strobicephalus triangularis (intestino), Tetrabothrius forsteri (intestino), Tetrabothrius sp. (intestino), Trigonocotyle sp. (intestino) e Diphyllobotrium sp. (intestino); o trematóide Campula sp. (fígado); o acantocéfalo Bolbosoma sp (estômago e intestino); e os crustáceos Cyamus boopis (pele, calosidades), Syncyamus pseudorcae (pele, espiráculo e boca) e Xenobalanus globicipitis (nadadeira caudal). Os nematóides 6 representaram o grupo de parasitos mais prevalentes (82,55%), seguido por cestóides (34,88%), crustáceos (15,11%), acantocéfalos (4,65%) e trematóides (1,16%). Dentre as espécies mais prevalentes, destacam-se o nematóides Anisakis sp. (61,62%) e Halocercus spp. (26,74%) e os cestóides P. delphini (20,93%) e M. grimaldii (18,6%). Efeitos patológicos decorrentes de infecções parasitárias foram observados em alguns animais, principalmente provocados por nematóides pulmonares, gástricos e de ouvido interno. Esse estudo representa o primeiro levantamento da fauna parasitária de cetáceos resgatados no nordeste do Brasil. A identificação de algumas espécies representou novos registros para o país e ampliou a ocorrência de parasitos para novos hospedeiros. A utilização de metodologias padronizadas de coleta e a avaliação de um maior número de animais são essenciais para uma melhor compreensão das relações parasito-hospedeiro em cetáceos e para sua utilização como indicadores biológicos na região. Palavras-chave: Cetáceos. Ectoparasitos. Endoparasitos. Comensais.