Efeito neuroprotetor do tratamento oral com extrato rico em polissacarídeos das folhas de Genipa americana no modelo de convulsão e epilepsia (kindling) induzidos por pentilenotetrazol em camundongos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: CRAVEIRO, RAQUEL MAGALHÃES CASTELO BRANCO
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=113615
Resumo: A epilepsia é um problema de saúde pública com impacto social e econômico, caracterizado pela predisposição do cérebro a gerar crises convulsivas, causando desequilíbrio redox com diminuição da glutationa reduzida e aumento da peroxidação lipídica e neuroinflamação. O desequilíbrio redox induz a translocação citoplasmática e liberação de proteína da caixa de grupo 1 de alta mobilidade (HMGB1) que induz a liberação de citocinas pró-inflamatórias, principalmente IL-1β. Atualmente o tratamento farmacológico para epilepsia apresenta efeitos adversos como vertigem, leucopenia e dependência. Além disso, 30% dos pacientes são refratários ao tratamento. Polissacarídeos de planta surgem como terapêutica alternativa devido a seus efeitos neuroprotetores e imunomoduladores. Genipa americana (Rubiaceae), é uma planta superior endêmica no semiárido nordestino sendo utilizada popularmente para febre e nervosismo. Experimentalmente, o extrato rico em polissacarídeos das folhas de Genipa americana (EP-Ga) nas doses de 3, 9 e 27 mg/kg demonstrou efeito anticonvulsivante e antioxidante por via intraperitoneal em camundongos. O objetivo desse estudo foi investigar o efeito neuroprotetor do tratamento oral com EP-Ga no modelo de convulsão e epilepsia (kindling) induzida por pentilenotetrazol (PTZ) em camundongos. Este estudo foi realizado no Laboratório de Fisiofarmacologia da Inflamação (LAFFIN-UECE), sendo o material coletado no bairro de Custódio-Quixadá, e extraído no Laboratório de Polissacarídeos Bioativos (LAPOBIO-FECLESC). Foram utilizados 100 camundongos Swiss machos (25-35 g) com idade de 2 meses e meio, os quais foram tratados por via oral com EP-Ga (25, 50, 100 ou 200 mg/kg) ou salina, mantidos em condições de iluminação e temperatura controlados, recebendo água e ração ad libitum. Antes da indução, os animais foram divididos aleatoriamente em cinco grupos (n = 8), e submetidos a testes comportamentais para avaliar comportamento exploratório (campo aberto), ansioso (labirinto em cruz elevado e placa perfurada) e depressor (suspensão pela cauda). Foi realizado modelo de convulsão (modelo agudo) induzido por PTZ (70 mg/kg i.p) 1 hora após o tratamento com EP-Ga observando parâmetros como latência de convulsão e de morte. No modelo agudo, também foi investigado mecanismo de ação com o bloqueador do receptor GABAA flumazenil (2,5 mg/kg i.p.) Foi também aplicado o modelo animal de epilepsia (crônico kindling) com PTZ (40 mg/kg i.p.), no qual foi induzida a convulsão nos animais em dias alternados durante 30 dias, após o tratamento com EP-Ga nas melhores doses no modelo agudo. Após o protocolo agudo e crônico, os animais foram eutanasiados e retirado córtex pré-frontal, hipocampo e corpo estriado, para avaliação de marcadores de estresse oxidativo (glutationa reduzida, malondialdeído), análise das concentrações de de IL-1β e análise histopatológica do hipocampo. Para realização dos testes estatísticos (ANOVA One-Way, seguido de pós teste de Tukey) será utlizado o software Prism versão 8.00 da GraphPad Software. EP-Ga reduziu o número de travessias no teste campo aberto na dose de 100 (59%) e 200 mg/kg (69%) comparados ao salina. EP-Ga na dose de 200 mg/kg aumentou o tempo de imobilidade (143,3 ± 7,67 s) quando comparado ao grupo salina (80,50 ± 10,16 s), apresentando efeito inibitório central em doses maiores. EP-Ga aumentou a latência de convulsão em todas as doses comparado ao grupo PTZ (70 mg/kg) (40,38 ± 1,45 s). Flumazenil (2,5 mg/kg) reverteu o efeito protetor do EP-Ga (100 mg/kg) reduzindo a latência de convulsão (25%) e morte (65%) comparado ao grupo EP-Ga 100 mg/kg. EP-Ga (50 mg/kg) associado ao PTZ (70 mg/kg) no córtex pré-frontal (PF) aumentou as concentrações da susbtância antioxidante GSH (749,1 ± 55,33 ng/g) em relação aos grupos tratados nas doses de 25 mg/kg (465,6 ± 6,44 ng/g) e 100 mg/kg (435,5 ± 54,29 ng/g). No modelo de convulsão, EP-Ga reduziu a citocina pró-inflamatória IL-1β no hipocampo nas doses de 50 (54,80 ± 14,53 pg/ml) e 100 mg/kg (96,91 ± 14,88 pg/ml) comparado ao PTZ (168,0 ± 21,12 pg/ml). No modelo de epilepsia, o grupo tratado com EP-Ga na dose de 50 mg/kg aumentou a percentagem de sobrevivência. EP-Ga (50 mg/kg) reverteu o número de neurônios em CA1 no hipocampo (176,5 ± 7,44) comparado ao grupo PTZ (136 ± 7,18). PTZ reduziu o número de neurônios comparado ao grupo salina (192,00 ± 4,26). EP-Ga apresenta efeito inibitório central, anti-inflamatório em hipocampo, antioxidante e anticonvulsivante via receptor GABAA no modelo de convulsão aguda. No modelo de epilepsia, EP-Ga aumentou a sobrevivência dos animais e reverteu a esclerose hipocampal em CA1.