O CADÁVER COMO OBJETO DE TRABALHO: PERCEPÇÕES DE TRABALHADORES DA PEFOCE SOBRE O LIDAR COM A MORTE E SUAS IMPLICAÇÕES

• Ano de defesa: 2016
• Autor(a) principal: PAULA, NEY RONALDY DE OLIVEIRA
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
• Palavras-chave em Português: Saúde Coletiva
• Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=83384

<div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">RESUMO</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">A morte sempre foi um tema tabu. Ainda mais quando tratamos de trabalhadores</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">que lidam cotidianamente com o cadáver. É o caso dos auxiliares de necropsia da</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">Perícia Forense do Estado do Ceará – PEFOCE. Somado aos fatores físicos de</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">desgaste, lidar com cadáveres também pode ser fator contribuinte para que a saúde</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">destes trabalhadores possa ser influenciada negativamente. Infelizmente, estudos</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">sobre a saúde do trabalhador em diversas classes profissionais são escassos,</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">especialmente quando os profissionais são trabalhadores que lidam com o que</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">conceitualmente costuma-se descrever como “trabalho sujo”. Desta forma, este</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">estudo visou conhecer as percepções de auxiliares de necropsia da PEFOCE sobre</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">a morte e o morrer, bem como analisar as implicações que o trabalho com</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">cadáveres resulta na saúde destes trabalhadores. Com isso, abrimos um novo</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">panorama mostrando o trabalho de uma classe profissional pouco conhecida</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">cientificamente. Para tanto, o estudo se enquadrou como sendo uma pesquisa</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">qualitativa, de caráter exploratório. Para a coleta de dados, fizemos entrevistas com</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">roteiros semi-estruturados. A análise dos dados coletados foi feita a partir da Análise</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">de Conteúdo de Bardin, pelo qual nos possibilitou formular categorias a partir dos</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">enunciados das entrevistas. Como resultados, elencamos 11 categorias temáticas:</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">1. Dados pessoais e Socioeconômicos; 2. Condições de Trabalho; 3. Organização</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">do trabalho – Um dia normal no necrotério; 4. Definições (4.1. Morte e pós-Morte;</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">4.2. Deus; 4.3. Suas Escolhas – Morte e o Corpo); 5. Tanatomnese – Histórias de</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">morte; 6. Diferenças quanto ao sexo/idade/causa da morte; 7. Como é ter que lidar</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">com o cadáver?; 8. Escolha profissional; 9. Vida fora do trabalho (9.1. Relato de um</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">dia comum fora do trabalho, 9.2. Trabalho com cadáveres e a percepção da</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">sociedade e da família); 10. Reconhecimento profissional ou desvalorização?; 11.</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">Desafios e Perspectivas (11.1. Dificuldades enfrentadas, 11.2. Sugestões de</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">melhorias, 11.3. Elogios). Podemos verificar que o auxiliar de perícia possui uma</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">carga bastante onerosa, não necessariamente falando somente quanto ao trabalho</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">físico, mas muito em relação ao psicológico. Em relação a vida fora do trabalho, os</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">profissionais mostraram-se bastante introvertidos quanto ao seu lazer , optando</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">sempre por ficar em casa, com a família. Dentro de casa, a necessidade de falar</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">sobre o emprego, sobre o dia cansativo é dito, mas por alguns familiares não lidarem</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">bem com a questão da morte, esta necessidade de falar acaba por não ser</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">contemplada. Dentre as dificuldades vivenciadas, temos a falta de EPIs e outros</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">equipamentos de qualidade, baixa remuneração, carga exaustiva tanto física quanto</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">psíquica, além da falta de reconhecimento profissional. Notamos uma carência</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">grande quanto ao olhar da sociedade e do Estado para esta classe profissional</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">bastante negligenciada. Este estudo ajuda a expor um pouco mais do universo</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">fechado que é o trabalho dentro de um dos melhores Institutos de Perícia do Brasil</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">estruturalmente falando. Abre, pois a oportunidade de estudos complementares</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">serem formados para entendermos mais este panorama e consequentemente</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">fazermos da Saúde do Trabalhador da PEFOCE melhor e com mais qualidade.</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">Palavras-chave: Trabalho; Tanatologia; Morte; Auxiliares; Perícia; Percepções.</span></font></div>