Sobre (o) Viver: Sofrimento Psíquico em jovens escolares com sintomas de autolesão

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Matos, Danielle Leite
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=115777
Resumo: Este estudo tem como objetivo compreender o sofrimento psíquico em jovens escolares, com sintomas de autolesão, por meio da escrita de cartas endereçadas à autora do estudo, na posição de professora de matemática de uma escola pública, localizada na periferia de Fortaleza. Apostamos que este trabalho possa apontar direções voltadas para o cuidado de adolescentes, já tão vulneráveis e segregados pela sociedade. A questão que conduziu nossa pesquisa foi a compreensão dos motivos que levaram esses adolescentes escolares a tratarem suas dores no próprio corpo. Nosso pressusposto inicial era de que existiria uma relação entre a passagem ao ato e o não dito ou “maldito”, como uma tentativa de cessar a angústia diante do desamparo. Dessa forma fundamentamos nosso estudo a partir da teoria psicanalítica, utilizando como método a metapsicologia Freudiana. As considerações teóricas de Lacan (1960) salientam, ainda, que o método psicanalítico é determinado pela decifração dos significantes, sem consideração da preexistência do significado e, por isso, leva em consideração o aspecto inconsciente. Para tal, faz-se necessário dar palavra ao sujeito; em nosso estudo se deu por meio da escrita de cartas. A partir da leitura destas, foi possível observar que o fenômeno da autolesão articula-se às questões das configurações narcísicas, marcadas por um desinvestimento materno decorrente de determinadas especificidades da relação entre o bebê e o objeto primário. A criança se reconhece e se sente amada a partir do olhar libidinizado da mãe, ou desse outro que exerça essa função. Concluímos, a partir dessas considerações, que a autolesão é multifatorial, no entanto, durante nosso estudo, pensamos que esses sujeitos são desinvestidos de muitas formas, além dessa, exercida pela função materna, gerando assim uma falta de lugar, onde esses sujeitos possam dizer de seus sofrimentos. A pulsão fica circulando sem escoamento para o simbólico e, desta forma, o sujeito não consegue produzir palavras para dizer de suas dores. Além disso, acreditamos que o recurso ao ato também possui, em alguns casos, uma dimensão comunicativa, sendo a forma encontrada pelo sujeito para pedir ajuda a partir da convocação por um olhar e uma escuta. Por fim, buscamos discutir o que pode a psicanálise diante deste fenômeno dentro do âmbito público escolar, tendo em vista a importância da legitimação do sofrimento psíquico desses sujeito.