Educação superior e sistema de cotas: a trajetória acadêmica de estudantes negros/as da Universidade Federal do Ceará - UFC

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Medeiros, Richelly Barbosa de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=83061
Resumo: <div style="">A discussão sobre ações afirmativas vem ganhando destaque nas últimas décadas no campo da educação, fundamentando a defesa e a adoção de sistemas de cotas para o ingresso de estudantes oriundos de escolas públicas, indígenas, negros/as e de baixa renda em universidades públicas brasileiras. Nessa seara, esta dissertação reflete os resultados do estudo sobre a trajetória acadêmica de alunos/as negros/as ingressantes pelo Sistema de Cotas (Lei 12.711/2012) na Universidade Federal do Ceará – UFC. As questões norteadoras versaram sobre quem são esses jovens (histórias individuais e sociofamiliares); como são tecidas as suas relações raciais no espaço acadêmico e, por fim, como eles/as avaliam as suas vivências estudantis na formação universitária. A abordagem é qualitativa, tendo ocorrido através da aplicação do instrumental de observação, que gerou a produção de diários de campo; e de entrevista semiestruturada, com nove (9) estudantes da UFC, de cursos das áreas de humanas, ciências da saúde e engenharia. Além disso, foram realizadas pesquisas bibliográfica e documental. Este trabalho parte de diálogos na esfera da ontologia do ser social, tendo como dois principais interlocutores Karl Marx e György Lukács, a fim de situar as possibilidades e limites das políticas de ações afirmativas nos campos da emancipação política e da emancipação humana. Ademais, problematizaram-se as desigualdades raciais no contexto da formação social e histórica brasileira, com o objetivo de debater o acesso-exclusão da população negra à educação formal, do escravismo até a contemporaneidade. Verificou-se ser a relação desse segmento com tal política tensionada por questões materiais (pela distribuição desigual do trabalho e dos seus produtos) e simbólicas (o racismo, o mito da democracia racial, a teoria do branqueamento e outras discussões de efeitos perversos sobre a identidade negra e sobre as relações étnico-raciais nacionais). O racismo é, nessa lógica, avaliado como estrutural e superestrutural, por intermédio do diálogo com teorias do marxista italiano Antonio Gramsci. A partir daí, debate-se essa categoria e suas determinações sobre as relações raciais tecidas pelo alunado negro e cotista na UFC. Avaliou-se, ainda, o significado das ações afirmativas e, especialmente, do sistema de cotas, para garantir a democratização da educação superior aos/às negros/as na realidade nacional. Essa reivindicação é influenciada pelo conflito entre dois projetos em 9 disputa no país, um projeto antinegro e outro antirracista. No primeiro, nega-se a negritude, o racismo, a cultura negra e as desigualdades raciais. Já no segundo, o antirracista, tensionam-se as ações afirmativas, com vistas a defesa pela redução da distância entre negros e não-negros no acesso a direitos sociais e humanos no país. Dada a formação sócio-histórica do Brasil, ora um, ora outro avança, mesmo que, ao longo dos tempos, tenha se sobressaído o projeto antirracista. A UFC é um espaço, também, dessa disputa, que incide sobre as trajetórias acadêmicas dos/as alunos/as negros/as, ingressantes pelas cotas, podendo gerar passividade, adoecimento, sofrimento e outras respostas dessa natureza, ou, quando não, podendo instigar afirmação, denúncia e resistências.&nbsp;</div><div style="">Palavras-chave: Desigualdades raciais. Racismo. Educação. Ações Afirmativas.&nbsp;</div>