Narrativas de violência e medo: o cangaço e a imprensa no Ceará (1909-1938)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Santos, Francisco Wilton Moreira dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=95767
Resumo: <span class="fontstyle0">O presente trabalho objetivou compreender os significados de violência e cangaço formulados<br/>pela imprensa cearense – bem como os usos políticos dessas denúncias entre os anos 1909 e<br/>1938. Para tal, discorremos sobre o contexto de ampliação e consolidação do banditismo nos<br/>sertões. Diante da inserção e abrangência cultural da imprensa cearense durante esse período<br/>(as transformações técnicas que possibilitaram ampliação do parque gráfico, maior tiragem e<br/>mais leitores, além da sua articulação com o sistema de poder), mapeamos o lugar e os gêneros<br/>textuais sobre esse tema nas folhas do Ceará. Percebemos que foi dedicada atenção especial ao<br/>assunto nos jornais, uma vez que a maioria das matérias e notas que tratam do tema estampavam<br/>as primeiras páginas, ocupando inúmeras folhas, principalmente durante as décadas de 1920 e<br/>1930. Tais notícias aparecem em vários momentos associadas à destruição dos lares, estupros,<br/>incêndios, torturas e a outros tipos de violência, o que nos levou a discutir sobre a construção<br/>de uma “política do medo” relacionada ao cangaço pela imprensa do Ceará, haja vista que os<br/>periódicos aparecem como importantes mecanismos de poder, atuando na construção de<br/>memórias. Assim, a imprensa estimula o medo, nomeia-o e elabora significados. Mais do que<br/>isso, evidenciamos o uso das denúncias associadas aos momentos de pleito, por exemplo,<br/>visando atacar adversários políticos e deslegitimar governos. Percebendo a amplitude cultural<br/>da imprensa, observamos que os cangaceiros, enquanto sujeitos que aspiram poder, também<br/>teceram uma aproximação com os jornais. Essa relação, estabelecida de forma indireta, que<br/>observamos por meio das fontes, fotografias, cartas e bilhetes aponta para uma tentativa de<br/>fazer soar suas vozes e oferecer discursos diferentes daqueles homogêneos e amplamente<br/>divulgados. Com as mudanças políticas e culturais gestadas durante o governo varguista e,<br/>particularmente com o golpe que instaura o Estado Novo em 1937, verificou-se uma tentativa<br/>de aproximação entre Estado, intelectuais e homens de imprensa, com o intuito de criar um<br/>novo discurso sobre o cangaço. A ênfase agora era sobre seu fim, silenciando as suas ações e<br/>tratando-os como bandidos comuns.</span> <br style=" font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px; -webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; "/>