Obseidade em transplante renal e sua associação com a sobrevida do enxerto e do paciente e as complicações clínico-cirúrgicas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Mota, Luana Soriano
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=106431
Resumo: O transplante renal (TR) em pacientes obesos apresenta um risco aumentado de complicações cirúrgicas, clínicas, perda do enxerto e óbito do paciente, mas os resultados descritos na literatura ainda são controversos neste grupo de pacientes. Em vista disso, este estudo teve como objetivo investigar a evolução pós-transplante de receptores com obesidade em termos de função renal, sobrevida do enxerto e do paciente, complicações clínicas e cirúrgicas nos primeiros 36 meses de transplante, e comparar com a evolução de receptores eutróficos e com sobrepeso, em dois centros de Transplante Renal de Fortaleza. Trata-se de um estudo de coorte retrospectivo, incluindo pacientes submetidos à transplante renal isolado no período de janeiro de 2014 a dezembro de 2016, nos quais foram analisadas variáveis relacionadas ao doador, receptor, transplante, evolução pós-TR imediato, variáveis antropométricas, laboratoriais e de seguimento. Foram excluídos receptores pediátricos ou que após a alta hospitalar não tenham sido acompanhados nos centros do estudo. Os pacientes foram avaliados em três grupos: eutróficos, sobrepeso e obesos, segundo o índice de massa corporal. Na comparação entre os grupos, foram utilizados o teste t de Student, teste ANOVA, Wilcoxon-Mann-Whitney, Kruskal Wallis, teste do qui-quadrado e Fisher, aliados a regressão logística multivariada e univariada, considerando valores de p < 0,05. Foram incluídos 502 pacientes, sendo 55,4% eutróficos, 31,9% com sobrepeso e 12,7% com obesidade no pré-TR. Ao longo de 36 meses de seguimento, observou-se aumento da prevalência de obesidade (de 12,6% para 19,7%) e de sobrepeso (de 31,9% para 39,8%). Em relação ao ganho de peso pós-TR, os pacientes eutróficos apresentaram maior percentual de ganho de peso em todos os períodos e os obesos apresentaram perda de peso nos primeiros 12 meses, com um ganho de peso entre 24 a 36 meses. A taxa de filtração glomerular foi significativamente mais elevada nos pacientes eutróficos, quando comparados aos pacientes com sobrepeso e obesidade, ao longo de 36 meses de seguimento. As principais complicações clínicas foram função retardada do enxerto, infecção do trato urinário e infecção por CMV e diabetes mellitus pós-transplante (DMPT) (49,4%, 42,5%, 22,7% e 17,7%, respectivamente), como diferença significativa na prevalência de infecção de ferida operatória (FO) e DMPT, que foi maior nos obesos. As principais complicações cirúrgicas foram reoperação (9,6%), hematoma na loja renal (6,2%), deiscência de ferida operatória (3,4%) e fístula urinária (2,0%), com diferença significativa na prevalência de deiscência de FO, que foi mais elevada nos obesos. As principais causas de perda de enxerto foram: óbito (38,6%), rejeição mediada por anticorpos (12,3%), nefropatia crônica do enxerto (10,5%) e infecciosas (8,8%), não havendo diferença significativa entre os grupos do estudo. As principais causas de óbito do receptor foram causas infecciosas (60,8%) e cardiovasculares (17,4%), não havendo diferença significativa entre os grupos do estudo. A variável associada a uma maior chance de perda do enxerto foi a creatinina na alta hospitalar; enquanto as variáveis associadas a uma maior chance de óbito foram PRA > 30% e hematoma na loja renal. Não houve diferença na sobrevida do enxerto e do paciente entre os grupos do estudo ao longo de 36 meses de seguimento. Diante do exposto, apesar de controverso na literatura, o transplante renal em receptores obesos não deve ser contra-indicado, devendo ser estabelecido um protocolo individualizado de avaliação pré-transplante e manejo pós-transplante destes pacientes.