Por uma arte-geografia: a paisagem-personagem no filme Pajeú

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2025
Autor(a) principal: Ferreira, Marcos Antonio da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=117734
Resumo: Ao entrarmos em contato com as imagens, somos perfurados pela sua faculdade mútua de afetação e, assim, nos desnudamos diante da sua presença, permitindo seu acesso a lugares intrínsecos à particularidade do ser. No cinema, o espectador recebe as imagens dadas através da tela e, a partir das suas faculdades corporais, afetivas e psíquicas, se permite participar ativamente desse jogo fenomenológico capaz de reunir técnica, olho, corpo, afetos, emoções e sensações diversas sobre as narrativas do acontecer da vida. Em Pajeú (2000), filme cearense cuja premissa gira em torno de Maristela, uma jovem professora, e seus constantes pesadelos com uma criatura que emerge sobre o corpo hídrico do riacho Pajeú, a paisagem em ruína hoje abandonada pelo poder público e pela população tanto na ficção como no além-filme, marco zero do nascimento da cidade de Fortaleza, se torna paisagem-personagem principal e imprescindível para se contar a história desejada. Para além do campo da visualidade e do pano de fundo calcado apenas na sua composição estética, ela é capaz também de ser experienciada através da sua potência de signo. No longa-metragem estudado, Maristela, ao perceber que as pessoas ao seu redor estão desaparecendo, assim como o riacho Pajeú dentro e fora da diegese, sente o medo de ser esquecida. Afetada pela sua projeção de se tornar Pajeú, a moça passa a investigar a história do soterramento do riacho. Calcado na arte-geografia enquanto proposta de aproximação teórica e metodológica entre os campos da geografia e da arte, assim como a protagonista do filme, eu, pesquisador-artista, cujo medo de me tornar ruína e adentrar nas fendas do esquecimento de si e do outro, busco elaborar uma narrativa visual, através das fotografias capturadas ao longo dos trabalhos de campo realizados na paisagem em ruína do riacho, e textual, pela linguagem poética, sobre a paisagem da alma que habita em mim. Nasce, assim, o produto artístico “Enquanto o silêncio durar” enquanto manifestação de uma pesquisa geográfica que se propõe a ser arte. Por uma arte-geografia!