Leishmaniose e erliquiose canina: uma abordagem epidemiológica e clínico-laboratorial

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Lima, Adam Leal
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=104275
Resumo: O íntimo contato e a domesticação tornou os cães a espécie com maior número de doenças semelhantes aos humanos. A leishmaniose visceral (LV) causada por protozoários Leishmania infantum é uma doença negligenciada com letalidade próximo a 10%. No Brasil, o ciclo da LV é zoonótico e os cães são reservatórios urbanos. Casos de leishmaniose visceral canina (LVC) são constantes nos centros urbanos brasileiros e os índices epidemiológicos de LV estão correlacionados com os de LVC. Medidas de prevenção e controle são realizados para prevenir e controlar a LV além de eutanásia de reservatórios positivos. A erliquiose canina (EC) é uma doença causada por bactérias do gênero Ehrlichia, potencialmente fatal e zoonótica. Essas duas doenças são observadas frequentemente em comorbidade nos cães. Este trabalho visa abordar três situações: a) definir fatores de risco para LVC em área endêmica no Brasil. b) avaliar métodos de diagnóstico para EC na clínica veterinária; e c) relatar um caso de comorbidade LVC, EC e dirofilariose. O estudo transversal analítico foi realizado com 654 cães, destes 521 foram inclusos no modelo de regressão logística múltipla incluindo as seguintes variáveis: sexo, idade, tamanho, positividade para EC, estrato social (ES: 1 a 7), local que dorme, comprimento e cor da pelagem. A análise de regressão logística mostrou que cães de estrato social menos favorecido (OD: 1.39, IC 95%: 1.15 - 1.70, p < 0,001), positivos para erliquiose (OD: 2.01, IC 95%: 1.20 - 3.44, p < 0,01), que dormem no quintal (OD: 2.32, IC 95%: 1.44 - 3.79, p < 0,01) e que cães de grande porte (OD: 1.82, IC 95%: 1.03 - 3.15, p < 0,05) tem mais chances de serem positivos para LVC. O segundo trabalho avaliou 52 cães por quatro métodos de diagnóstico para EC comparados pelo modelo de Análise de Classe Latente: citologia de medula óssea (BMC), contagem de plaquetas (PC), teste rápido imunocromatográfico Alere® (Alere) e PCR de sangue periférico (PCR). BMC e PCR apresentaram sensibilidade de 100%, e especificidade de 100% e 64%, respectivamente, enquanto PC teve uma performance baixa, com sensibilidade de 63% e especificidade de 75%. Alere obteve performance moderada com sensibilidade de 81% e especificade de 78%. A concordância dos testes foi calculada pelo coeficiente de kappa, sendo considerada razoável (0,38). Concluiu-se que o diagnóstico para EC exige uma anamnese detalhada somada ao exame físico para determinar a combinação certa de métodos de diagnóstico aplicada. No relato de caso, um cão foi diagnosticado com LVC, EC e dirofilariose em um check-up que permitiu a detecção precoce das comorbidades. Um protocolo terapêutico foi estabelecido, e após 12 meses de tratamento o animal obteve alta clínica com exames negativos. Concluiu-se que EC, estrato social familiar, o local onde o cão dorme e o tamanho do animal são fatores de risco para LVC. Esses fatores podem ser evitados com medidas simples somado à visita veterinária preventiva periódica que permite a detecção dessas comorbidades precocemente promovendo a saúde única, ou seja, a vida dos cães e das famílias multiespécie.