Representação e representatividade de mulheres nos projetos integradores de ciências humanas e sociais aplicadas (PNLD- 2021)

• Ano de defesa: 2023
• Autor(a) principal: Ferreira, Marineide Bezerra
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
• Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=111455

Este estudo analisa representações e representatividades de mulheres na obra “Projetos Integradores” mantidos pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD, 2021) formatados de acordo com a nova BNCC (2017), reformulada em 2018, e direcionados às escolas de ensino médio do país, com vigor a partir de 2022. A análise leva em consideração o contexto políticoeconômico que orienta a proposta pedagógica das Diretrizes da Base Comum Curricular para o Ensino Médio. A pesquisa parte do princípio de que os livros didáticos são objetos complexos de cultura e que guardam consigo as contradições das políticas educacionais em vigor. Portanto, discute currículo, poder, sociedade e a abordagem multicultural nas escolas, especialmente sobre as questões de gênero e étnico-raciais (SILVA, 2015; 2014; CANDAU, 2002, HALL, 1997; 2000; GIMENO-SACRISTÁN, 2013; GIROUX, LOURO,1997; 2007; SCOTT, 1990; GOMES, BUTLER, 2017); Colonialidade e matriz de dominação e a BNCC (2017) (QUIJANO, 2000; SANTOS, 2000, 20021; HALL, 2003; RAMOS, 2001; FRIGOTTO, 2010; VERGÉS, 2020); Representação e representatividade na obra projeto integradores (CHARTIER, 2014; ALMEIDA, 2018; SOUZA, 2021; BURKE, 2017; SILVA, 2015; SPIVACK, 2014). A metodologia adotada é de natureza qualitativa com enfoque na abordagem histórica-estrutural-dialética e nos estudos culturais. Utiliza-se da pesquisa bibliográfica e documental com a finalidade de traçar o panorama sobre a reformulação da BNCC-EM e a organização do objeto do PNLD, 2021, denominada de “Projetos Integradores”. Analisa-se uma (1) obra escolhida pelas escolas de tempo integral do estado do Ceará, no município de Crateús, pelos professores e professoras da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Conclui-se que os “Projetos Integradores” são objetos didáticos que se alinham a uma político-econômica neoliberal que orienta uma representação sobre mulheres em harmonia com o sistema hegemônico, cujo discurso de representatividade inviabiliza as contradições desse sistema, tornando a proposta educacional do objeto, ambientes iconográficos e discursivos de negação, silenciamento e ocultação de mulheres, especialmente LGBTQIA+ e indígenas. Tais indícios, dificultam a criticidade, o olhar e a reflexão sobre as desigualdades, bem como sobre outros marcadores sociais, para além da classe e ou articuladas a ela. Esses aspectos reforçam a colonialidade epistêmica de formação do Brasil e que está desvinculada dos corpos subalternizados e suas expressões culturais e existenciais, portanto contribuindo para a reprodução das desigualdades de gênero e sexual, historicamente construídas.