Resumo: |
Esta pesquisa investigou os serviços de educação e saúde desenvolvidos pelo Centro de Integração Psicossocial do Ceará, junto a autistas e pessoas com deficiência intelectual. As ações desenvolvidas estão orientadas para o processo de acompanhamento e reabilitação dos pacientes, por meio de equipe multidisciplinar, o que exige integração do processo de trabalho, pela diversidade de ações executadas e o quantitativo de pessoas envolvidas no contexto diário de cada paciente. As atividades são realizadas pela instituição e orientadas pelo princípio da integralidade do cuidado, compreendendo-o como inovador e complexo, aglutinando os demais princípios do Sistema Único de Saúde-SUS e da Legislação Brasileira de Reforma Psiquiátrica. Com base nessa compreensão, o presente estudo teve como objetivo promover o entendimento da dinâmica de trabalho no serviço, destacando a relação necessária entre familiares, profissionais e usuários na construção da integralidade do cuidado. O tratamento metodológico utilizado compreendeu duas etapas: a primeira fez uso de uma pesquisa bibliográfica avaliando as várias contribuições apresentadas por diversos autores; e a segunda, fez uso de um estudo de caso, na instituição citada, por meio de uma pesquisa qualitativa exploratória, com uso da técnica de grupo focal, tendo sido confirmados os conceitos construídos pela primeira etapa da investigação. Os sujeitos da pesquisa foram 48 pessoas distribuídas em cinco grupos de representação: grupo I (profissionais que trabalham no serviço); grupo II (usuários autistas capazes de verbalizar, com boa interação social, e boa simbolização); grupo III (usuários portadores de deficiência intelectual, capazes de verbalizar, boa interação social e boa simbolização); grupo IV (pais dos usuários portadores de autismo); grupo V (pais dos usuários portadores de atraso intelectual). Os resultados foram avaliados por meio da técnica de análise de discurso de Orlandi, considerando as dimensões concretas e simbólicas dos conteúdos oferecidos pelas entrevistas e pelo registro dos grupos focais. Os resultados da pesquisa revelam que a infraestutura do serviço ainda é insuficiente e inadequada, que o processo de trabalho é fragmentado, que as práticas de atendimento ainda estão centradas na doença e que os princípios de interdisciplinaridade e intersetorialidade ainda não são viabilizados. O modelo de atendimento do CIPC ainda está norteado por conflitos e contradições convivendo<br/>com o antigo (fragmentação) e o novo (integralidade) num processo em construção com base nos princípios e diretrizes que orientam o Sistema Único de Saúde.<br/>Palavras-chave: Integralidade. Autismo. Deficiência Intelectual |
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