Questionário de automedicação de risco à luz do letramento em saúde: estudo psicométrico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: BARRETO, MÁRCIO ADRIANO FERNANDES
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=113008
Resumo: A automedicação constitui problemática no cenário mundial, podendo acarretar diversos riscos à saúde humana. No Brasil, a automedicação tem aumentado nos últimos anos, com reflexos diretos nas intoxicações por medicamentos. Assim, um instrumento avaliador de automedicação de risco para adultos/idosos, à luz do letramento em saúde, pode evidenciar validade de conteúdo e de estrutura interna, fortalecendo a promoção do uso racional de medicamentos, sendo passível de utilização por profissionais de saúde para traçarem estratégias preventivas e promocionais da saúde à população adulta e idosa. O objetivo no estudo foi desenvolver instrumento avaliativo da automedicação de risco à luz do letramento em saúde. A tese defendida é da construção e validação de um instrumento de automedicação de risco à luz do letramento em saúde, proporcionando um instrumento de aplicação factível e válido para uso nas estratégias de promoção da saúde da população. Trata-se de estudo psicométrico, conduzido em duas fases sequenciais: 1) Construção e evidência de validade de conteúdo de um instrumento de automedicação de risco focado no Letramento em Saúde e 2) Análise das evidências de validade da estrutura interna de um banco de itens para mensuração da Automedicação de Risco a luz do letramento em saúde. O referencial teórico-metodológico adotado para definição do traço latente Automedicação de Risco foi da Organização Mundial de Saúde. Os potenciais riscos consideraram os fatores: letramento em saúde com foco no letramento em medicamentos, intenção do comportamento e o comportamento em si, apoiados em alguns conceitos da Teoria do Comportamento Planejado (atitude, norma subjetiva e controle percebido). A construção e validação do questionário deu-se em duas fases: revisão na literatura para clarificação do conceito de Automedicação de risco e construção das definições constitutivas e operacionais. A partir destas, foi realizada a análise de conteúdo com os especialistas. Na segunda fase, realizou-se validação da estrutura interna do instrumento, com análise fatorial. A coleta de dados em campo ocorreu em dois momentos: Na evidência de validade de conteúdo, realizada de maio a outubro de 2022, e na validação da estrutura interna do instrumento, conduzido de fevereiro a maio de 2023. Os instrumentos para coleta de dados foram elaborados pelo pesquisador, um contemplando a automedicação de risco e o outro com aspectos sociodemográficos. Os dados foram apresentados em tabelas, quadros e gráficos. Utilizaram-se as análises de concordância com os índices de validade de conteúdo, coeficiente de validade de conteúdo (evidência de validade de conteúdo); análise semântica e evidências de validade da estrutura interna do instrumento via análise fatorial exploratória e confirmatória. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UECE no parecer nº 5.198.364 e Certificado de Apresentação Ética nº 54392021.3.0000.5534, em 2022. Os sujeitos da primeira fase foram os especialistas (participaram de duas rodadas de evidência de validade de conteúdo), que assinaram de forma online Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e os sujeitos da segunda fase foram os usuários que buscavam a atenção primária à saúde, estes, assinaram o Termo de forma presencial. Como resultado das três revisões (uma integrativa e duas de escopo), identificaram-se os elementos constituintes da automedicação, evidenciando lacuna do conhecimento. Foram ainda identificadas as definições constitutivas e operacionais da automedicação de risco no domínio do letramento em medicamentos, evidenciando associação entre letramento em saúde e automedicação de risco. Mapearam-se as definições constitutivas e operacionais referentes a domínios da automedicação de risco (intenção do comportamento e comportamento). As três revisões foram fundamentais para a consolidação da definição do traço latente. Os resultados do processo de evidência de validade de conteúdo, mostraram 22 especialistas das áreas de enfermagem, medicina e farmácia na primeira avaliação e onze na segunda para averiguar a validade de conteúdo. Iniciou com 136 itens e ao final das duas rodadas com os especialistas, restaram 49 itens, onde o instrumento demonstrou evidência de validade em seu conteúdo (Indice de Validade de Conteúdo total foi de 0,89 e confiabilidade excelente (0,964 [IC95%=0,940-0,983]). Houve discordância significativa na atribuição da pontuação entre os juízes (p>0,05) em quatro itens. A análise semântica passou por duas rodadas, participaram sessenta sujeitos da população-alvo, tornando o instrumento apto para aplicação com a população-alvo. Na fase da evidência de validade da estrutura interna do instrumento participaram 499 sujeitos cadastrados na atenção primária em saúde. No que diz respeito aos resultados da evidência de validade da estrutura interna do instrumento, as análises fatoriais revelaram um modelo com 35 itens, distribuídos em quatro fatores, explicando 56% da variância total, com cargas fatoriais que variaram de 0,31 a 0,85 de comunalidade adequadas. Constatou-se indicadores de precisão (0,79<ORION<0,98), representatividade (0,89<FDI<0,99), sensibilidade (1,92<SR<7,07), esperança do fator (88,3%<EPTD<97,9%), replicabilidade (0,82<H-Latente<H-observado<0,87) e confiabilidade (&#969;=0,87) adequados. A FC variou de 0,840 a 0,910. Além disso, alcançou-se bom ajuste do modelo (TLI = 0,99; CFI = 0,99; GFI = 0,95; RMSEA = 0,02 e RMSR = 0,05). O Questionário de Automedicação de Risco focado no Letramento em Saúde (QAR-LS) foi considerado válido em seu conteúdo, gerando um instrumento com boas evidências de validade de sua estrutura para mensuração da automedicação de risco. O estudo pode contribuir para promoção de políticas de saúde mais eficazes, melhorar a capacidade dos profissionais de saúde de atender às necessidades dos pacientes e de capacitar os pacientes a tomarem decisões mais informadas sobre sua própria saúde. Isso beneficia a sociedade como um todo, promovendo o uso responsável de medicamentos e reduzindo os riscos associados à automedicação.