Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Marinho, Iasmin Da Costa |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual do Ceará
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=106027
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Resumo: |
Esta pesquisa parte da tese de que as concepções e práticas dos gestores escolares interferem no tratamento das desigualdades educacionais. Para tanto, teve como objetivo investigar como esses dirigentes lidam com as desigualdades em dois pares de escolas municipais de Fortaleza (CE), com oferta dos anos finais do ensino fundamental, situadas em bairros de alta vulnerabilidade social. Foi realizado um estudo do parque escolar do município, com a triagem de dois pares de escolas localizadas no Grande Bom Jardim e no Grande Pirambu. De modo a compreender o papel dos gestores em contextos de vulnerabilidade e pobreza, realizamos um levantamento bibliográfico acerca das desigualdades educacionais, sendo analisados artigos, livros, relatórios de pesquisa de organismos internacionais e nacionais, teses e dissertações, os quais foram produzidos no período de 2000 a 2021. A produção sobre o tema revelou distintas vertentes no campo teórico para sua compreensão e análise: desigualdade de aprendizagem, desigualdade socioespacial e desigualdade escolar. Essas aproximações resultaram na escolha das seguintes categorias de análise: políticas públicas, território e gestão escolar. Na pesquisa de campo, identificamos que, mesmo em contextos socioespaciais similares, as gestões das quatro instituições investigadas apresentaram concepções e práticas diferenciadas no tratamento das desigualdades. Identificamos: a adoção de perfis rígidos, visando à manutenção da ordem; os investimentos em ações de melhoria dos ambientes escolares e clima organizacional; as estratégias de renovação da imagem da escola; a ampliação das relações de comunicação e confiança com a comunidade. Sobre os desafios da gestão escolar nos anos finais do ensino fundamental, quatro aspectos mais citados merecem destaque: baixa participação da família na escola, indisciplina, absenteísmo docente e questões socioemocionais dos discentes. Quanto às políticas públicas, observamos que a Secretaria Municipal de Educação (SME) possui um sistema robusto de acompanhamento e monitoramento da aprendizagem nas escolas, interligado a várias políticas que são concebidas visando à melhoria dos indicadores e resultados nas avaliações externas. No entanto, para uma parcela de crianças, jovens e adultos do mesmo bairro, essas ações não são acessíveis. Para além dessas constatações, foi possível evidenciar que o território periférico de Fortaleza, compreendido como espaço político e de poder, reveste-se de complexidade hierárquica maior. O poder não está nas mãos da comunidade ou do Estado, mas daqueles que operam o medo. Os conflitos territoriais existentes nas periferias modificam o acesso às oportunidades dos equipamentos públicos a depender de onde os indivíduos moram e das facções que comandam aquele espaço. As principais constatações identificadas pela pesquisa são: 1) A escola importa, principalmente, quando está localizada em territórios pobres e vulneráveis; 2) As concepções dos gestores repercutem no tratamento das desigualdades na escola; 3) A escola não é um campo neutro; e 4) Os conflitos territoriais interferem na vida escolar e demandam novas atribuições ao trabalho dos gestores. Nessa esteira, sendo influenciados pelo contexto socioespacial onde estão localizados, as escolas, os gestores e os professores buscam alternativas para ampliar suas possibilidades de trabalho pedagógico. De um lado, procuram responder às expectativas das políticas educacionais. Por outro lado, almejam fazer a diferença para as comunidades por elas assistidas. Se o desafio da superação das desigualdades está posto para aqueles que formulam e implementam as políticas, cabe ao poder público fortalecer e ampliar o apoio às escolas mais vulneráveis à dominação do poder do medo. |