“Vou contar a nossa história, brincar a dança do coco e um pouco dela mostrar”: experiências dançantes de coquistas do litoral cearense a partir da emergência pública do coco (1968-2019)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Farias, Camila Mota
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=109158
Resumo: Esta pesquisa possuiu o objetivo de analisar o processo de emergência pública dos cocos do litoral cearense, entendendo que nele a dança passou a ser realizada no formato de apresentação, que possibilita, como uma dimensão da experiência dançante, a enunciação de si através do seu fazer. O coco é uma performance cultural popular de origens afro-indígena e portuguesa que envolve dança, música e poesia. Ele pode ser encontrado em diversas localidades do Nordeste brasileiro. No Estado do Ceará, por exemplo, essa dança é desenvolvida no litoral e no sertão, existindo uma maior concentração na zona costeira, o que justificou o recorte espacial desta pesquisa. A partir de 1968, essa dança começou a emergir publicamente, impulsionando seu trânsito das comunidades aos palcos em diferentes cidades, inclusive na capital cearense. Desse modo, o recorte temporal desta pesquisa inicia-se em 1968 e estende-se até 2019, quando foi realizado o último evento presencial Encontro SESC Povos do Mar, no qual muitos grupos de coco do litoral cearense se encontram para dançar e compartilhar suas vivências. Visando realizar esta pesquisa, desenvolvemos um trabalho de campo, baseado na observação participante, assim como na elaboração de entrevistas, através da metodologia da História Oral, com mestres, dançadores de coco e agentes externos aos grupos. Neste sentido, a pesquisa se sustentou a partir do cruzamento de fontes orais, musicais, periódicos, audiovisuais, entre outras. A investigação permitiu percebermos que o processo de emergência pública dos cocos aconteceu em meio a um cenário de apropriação por parte da impressa, de intelectuais, do Estado e de empresários, que estavam interessados no desenvolvimento turístico do Ceará enquanto estado “do sol e do mar”. Esse contexto, por sua vez, impulsionou modificações no dançar, que em um “tempo velho” ocupava o lugar da brincadeira nas comunidades – acontecia de maneira improvisada, sem planejamento – possuía um tempo diferente e era marcada pela ludicidade que lhe atravessava – para uma maneira institucionalizada, que segue os moldes de uma apresentação – usa instrumentos profissionais, tem um tempo determinado e um grupo específico, etc. A vivência da dança como apresentação, por sua vez, possibilita, como uma de suas dimensões da experiência dançante, a enunciação de si por meio da dança, que revela uma identidade de pescador criada pelos sujeitos e que possui relação com suas crenças, suas formas de existir e de resistir, que estão relacionadas também à cultura anfíbia que partilham.