Realização e Estranhamento no Trabalho Docente Universitário: Uma Análise Ontológica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Lopes, Samuel Nobre
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: spa
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=100924
Resumo: O mundo atual é marcado por um grande paradoxo: ao mesmo tempo em que o homem amplia intensamente as suas capacidades para o desenvolvimento do trabalho e das ciências, ocorre um descontentamento, uma degradação do gênero humano no sentido do grande índice de exploração do trabalho e da desvalorização do trabalhador. Aqui se evidencia a dupla face do trabalho no capitalismo tematizado por Marx ao considerar que no capitalismo o trabalho tem a sua face positiva e necessária enquanto gerador da vida social e realização dos homens, mas também tem o seu lado negativo e contingente ao se manifestar como sofrimento, como trabalho estranhado, alienado, uma vez que a produção se sustenta pela exploração da força de trabalho do trabalhador. Tudo isso interfere de modo intenso em qualquer profissão e em todos os níveis de trabalho, inclusive no trabalho docente universitário que é o objeto desta pesquisa. Diante dessas colocações, parto do pressuposto de que o professor se sente feliz na sua profissão de ensinar e educar, mas também a carga de trabalho que lhe é destinada não deixa de causar cansaço e sofrimento. Partindo dessas considerações esta pesquisa, com o título Realização e Estranhamento no Trabalho Docente Universitário: uma Análise Ontológica, tem o objetivo de verificar como ocorre a satisfação (realização) e, ao mesmo tempo o estranhamento (desrealização, sofrimento, estresse e adoecimento) no trabalho docente universitário, na graduação e/ou pós-graduação, no modo de produção capitalista informacional. Tal objetivo decorreu das seguintes indagações: há realmente essa duplicidade de realização e de estranhamento na práxis docente universitária? Até que ponto há uma predominância do estranhamento em relação a sua realização? Essa predominância do estranhamento interfere na qualidade de vida do docente ao ponto de levá-lo ao adoecimento? Quais ações são possíveis, pelo menos em termos paliativos, para amenizar e/ou superar esse estado de coisas? A teoria marxiana do trabalho em sua dupla face, de Lukács sobre a questão do estranhamento, e de Marcuse sobre o princípio de desempenho nos fornece vários elementos de análise para a compreensão da minha questão e dos meus pressupostos. Por essa razão tomei como referencial teórico central desta pesquisa o pensamento dos filósofos Karl Marx, György Lukács, e Herbert Marcuse, e também do sociólogo Emanuel Castells e do psicanalista Sigmund Freud, porém sem excluir algumas considerações de outros pensadores como: Marozov, Kenski, Vázquez, e ainda de pensadores brasileiros, como: Dermeval Saviani, Gaudencio Frigotto, Paulo Freire, Leandro Konder e outros. Na articulação da minha fundamentação teórica, além da dupla face do trabalho, do estranhamento que aí impera e do papel ativo da consciência do homem, destaquei a relação entre trabalho e educação, questões acerca da revolução tecnológica e do capitalismo informacional, o processo de avaliação da CAPES, e práxis social evidenciando a práxis docente. Quanto ao meu método de investigação, baseado no referencial teórico desses pensadores e no método dialético, desenvolvi uma pesquisa de campo de caráter qualitativo por meio de questionários semiabertos, através de Formulários Google, aplicados em um universo de 23 professores de instituições públicas e particulares nas diversas áreas de conhecimento. Nos resultados da pesquisa verifiquei que o meu pressuposto da incidência da dupla face do trabalho na práxis docente foi confirmado e que se apresentou com mais intensidade ainda no período pandêmico, em virtude da COVID 19. Em minhas considerações finais destaquei que seria preciso o professor refletir e ressignificar a sua práxis docente em virtude do capitalismo informacional e agora mediante a urgência do ensino remoto, porém também seria preciso a participação e interesse do aluno no processo de ensinoaprendizagem. Arrematei as minhas considerações destacando que o professor precisa ser valorizado e amado em sua profissão. A práxis do docente está intimamente relacionada com a formação humana de si e dos seus alunos, formação essa que deve remeter aos saberes fundados na ética e no respeito à dignidade humana. Esse reconhecimento e valorização do trabalho docente é imprescindível para que ocorra um autêntico desenvolvimento da generidade humana. Palavras-Chave: Trabalho docente. Princípio de desempenho. Realização. Estranhamento.