Motoboys 'arrochados': o trabalho de motoqueiros entregadores na cidade de Fortaleza

• Ano de defesa: 2019
• Autor(a) principal: Amaral, Raul César Rabelo do
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
• Palavras-chave em Português: Rota; Sociologia; Trânsito urbano
• Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=87074

<div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">Esta dissertação analisa a dinâmica de trabalho de motoboys na cidade de Fortaleza-CE, considerando a expansão dessa atividade laboral como um fenômeno atual nas grandes cidades brasileiras, ao mesmo tempo em que procede a uma análise histórica do surgimento desses trabalhadores. Toma como referencial empírico da os motoqueiros entregadores que prestam serviço à empresa Padre Cicero Atacadista, grupo que atua no ramo de autopeças. O objetivo da pesquisa foi identificar e compreender quais táticas e “autocontenções” foram desenvolvidas por esses motoqueiros entregadores na execução de suas rotas que conformam os trajetos por eles realizados diariamente para as entregas de mercadorias demandadas pela empresa à qual prestam serviço. A pesquisa orientou-se pelo pressuposto de que os agentes, ao realizarem suas atividades cotidianamente, lançam mão de um repertório considerável de agenciamentos possíveis no sentido tanto de táticas (CERTEAU, 1994), como processam a internalização de regras institucionais, não sem conflitos, mediante o controle dos impulsos (Elias,1994), para obterem êxito no cumprimento de suas “rotas”. As análises empreendidas têm apoio conceitual na ideia de cidades fabricalizadas (FERRARI 2008), no sentido de estas terem se adequado às necessidades de circulação das mercadorias. Esta perspectiva deu suporte para o entendimento do espaço da cidade como local de trabalho dos motoboys e como condutora de mercadorias. Também se tomou em consideração os agenciamentos desses entregadores e seu modus operandi na construção de táticas cotidianas no trânsito da cidade, bem como no conceito de mediação técnica, homem máquina e actante (LATOUR, 2012). A observação atenta do campo, a partir da realização de entrevistas com motoboys, observação direta (MALINOWISK, 1976[1922]) e, sobretudo, observação flutuante (PÉTONNET, 2008) na perspectiva de apreender o objeto como algo que flutuava e necessitava de um olhar de deslocamento. Dados de campo revelaram a importância do tripé-amortecedor, conjunto de práticas cotidianas adotadas pelo grupo de motoqueiros na efetuação de seu trabalho, cujos sentidos são evocados a partir das seguintes práticas sociais: 1) As resenhas, espécie de papo jocoso entre pares; 2) o rito, que consiste em um “pai nosso” rezado em companhia da fala de “línguas estranhas” ou glossolalia às segundas feiras, impreterivelmente, antes do início das rotas; e 3) acesso às redes sociais, principalmente o WhatsApp, intensamente utilizado no ofício rotineiro desses trabalhadores. Nesta rede simbólica 8 de entrelaçamentos, a pesquisa revelou percepções nativas acerca dos esquemas classificatórios do que é ser motoqueiro bom e motoqueiro fraco, balizadores das interações cotidianas do grupo, dos seus binarismos e dos lugares simbólicos de seus pertencimentos nestas relações.</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">Palavras-chave: Motoqueiros entregadores. Rota, Trânsito urbano. Arrochamento, Táticas e auto-contenções.</span></font></div>