Sentidos sobre a formação inicial da UECE/FECLI: o que dizem licenciandos com deficiência?

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Souza, Elivana Vieira De
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=113878
Resumo: O escrito aqui delineado tem por objeto de estudo a formação de licenciandos com deficiência. O estudo teve por objetivo geral compreender os significados e sentidos que licenciandos com deficiência produzem sobre sua formação inicial. De forma mais especifica, buscou-se conhecer o processo de inclusão de estudantes com deficiência da Educação Básica à Educação Superior; analisar como as ações pedagógicas, as ações institucionais e de acessibilidade da universidade têm reverberado na formação dos licenciandos com deficiência e desvelar como os estudantes com deficiência significam seus processos formativos em cursos de Licenciatura. O caminho teórico-metodológico do estudo tomou como referência a Psicologia Histórico-Cultural de Vigostki, que se fundamenta no materialismo histórico-dialético. A pesquisa, de natureza qualitativa, teve como lócus a Universidade Estadual do Ceará (UECE), no campus Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iguatu (UECE-FECLI). As narrativas dos participantes foram ouvidas a partir de entrevistas semiestruturadas, que aconteceram em três momentos, mediadas por instrumentos como varal de imagens, palavras geradoras de sentidos e fotografias. Utilizou-se ainda para produção de dados, entrevista semiestruturada com a coordenadora de célula do NAAI e a técnica administrativa do núcleo e leitura dos Projetos Pedagógicos dos cursos de Ciências Biológicas e Pedagogia. Participaram do estudo dois estudantes com deficiência dos cursos de licenciatura em Ciências Biológicas e Pedagogia, sendo um estudante com autismo e outra com baixa visão. A análise dos dados foi realizada a partir da análise textual discursiva (ATD). As narrativas dos estudantes trouxeram sentidos diferentes sobre a formação inicial, em virtude de suas histórias de vida, vivências singulares e compreensões sobre o processo formativo e inclusivo. Mediados pelas experiências formativas desde a Educação Básica, os participantes revelaram os desafios frente a um contexto educacional que se apresenta excludente e que ainda se baseia numa compreensão de deficiência que se sustenta, basicamente, nos aspectos biológicos. Davi compreende inclusão como direito de todos, se apega a conhecimento mais técnico para compreender suas necessidades, mas ainda não se sente, plenamente, atendido em suas demandas como pessoa com autismo na universidade, o que o leva a se excluir e a se culpar por suas dificuldades, produzindo sentidos contraditórios sobre o curso e sua futura atuação como docente. Cristina sente-se incluída na universidade, porém foi possível desvelar que toma para si a responsabilidade por seus resultados, sentidos que expressam elementos de sua história. Além disso, apresenta uma visão pouco crítica do processo de inclusão, lançando olhar apenas para si, sem reconhecer as necessidades do coletivo. As narrativas expressam a necessidade de maior conhecimento por parte dos professores das demandas e especificidades dos estudantes, além de indicar que as barreiras atitudinais têm fragilizado a formação dos estudantes, o que indica a necessidade por mais espaços de escuta dos estudantes e maior investimento na formação de todos que compõem a universidade. Em função da complexidade e relevância da temática, entende-se que a discussão não se encerra nesse trabalho, pois muito ainda se tem por dizer sobre o objeto aqui desvelado, mas ele abre caminhos para que novos estudos busquem compreender sobre a formação inicial de estudantes com deficiência e a inclusão na Educação Superior. Alude-se, assim, necessidade de que mais pesquisas contemplem as narrativas de pessoas com deficiência, pois é preciso falar sobre elas, mas, prioritariamente, não se pode deixar de falar com elas.