Resumo: |
Lectinas de plantas são considerados um grupo heterogêneo de proteínas que apresentam diversidade de propriedades bioquímicas/fisicoquímica, estrutura molecular, especificidade a carboidratos e atividades biológicas. O interesse em estudar os efeitos das lectinas vegetais aumentou devido a implicações que os glicoconjugados possuem na inflamação. O objetivo do trabalho foi investigar o efeito e os mecanismos da lectina de Andira anthelmia (AAL) em modelos de inflamação aguda. AAL (0.01-1 mg/kg i.v.) foi injetada 30 min antes dos estímulos inflamatórios (ácido acético, carragenana, capsaicina, db-cAMP e mediadores inflamatórios de fase inicial e tardia) na pata dos roedores e no peritôneo para avaliação da: migração celular (microscopia óptica e intravital), edema de pata (pletismometria e histopatologia), hyperalgesia (contagem de contorções e analgesímetro). Em camundongos, AAL apresentou efeito antinociceptivo no teste das contorções induzidas por ácido acético. AAL inibiu em 58% na dose de 1 mg/kg (19,33 ± 1,3 vs. ácido acético 46,1 ± 7,4 nº de contorções), e a reduziu a migração leucocitária em 34% (19,2 ± 1,7 vs. 29,3 ± 2,7 células/ml). AAL também reduziu a expressão relativa do gene para IL1β (80%) e de TNF-α (20%), mas não a de iNOS, avaliada no fluido peritoneal coletado do teste comportamental. AAL inibiu a migração leucocitária induzida por carragenana (5908 ± 490) em 32% (0,01: 3960 ± 353), 48% (0,1: 3460 ± 309) e 78% (1 mg/kg: 2291 ± 241 células/ml), preferentemente de neutrófilos em 31% (0,01: 2563 ± 240), 47% (0,1: 1967 ± 172) e 78% (1 mg/kg: 803 ± 147) (carragenana: 3749 ± 374 células/ml), o efeito inibitório da AAL foi completamente revertido com a associação com manose (5643 ± 742 células/ml). AAL reduziu o rolamento leucocitário em 37% (259,8 ± 22,7) e a adesão em 50% (7,5 ± 0.6 células/10 min). No fluido peritoneal, AAL reduziu a expressão relativa do gene para TNF-α (3,2x), COX1 (16,3x) e COX2 (13,8x), reduzindo também os níveis de PGE2 (0,06 ± 0,007 pg/ml) comparado ao grupo carragenana (0.23 ± 0.04). AAl inibiu o edema de pata induzido por carragenana (62,6 ± 8,5 vs. carragenana 96,2 ± 8.5 AUC), preferencialmente na fase tardia (35%), e a atividade da mieloperoxidases em 62% (0,11 ± 0,01 U/mg vs. carragenana: 0,29 ± 0,02) mas também o edema induzido por serotonina 40% (105,5 ± 25,6 AUC) e em 32% (93.2 ± 7) para histamina, mas não para bradicinina (166,5 ± 19,7 vs. AAL:136 ± 10,3 AUC) e l-arginina (71 ± 7,8 vs. AAL 66 ± 8,6 vs. L-NAME: 43,5 ± 4.3 AUC). O edema induzido por TNF-α (90,5 ± 10,6), PLA2 (117,5 ± 4,5) e PGE2 (102,9 ± 14,9) foram reduzidos pela AAL em 73% (24 ± 4), 77% (26 ± 5) e 38% (64,5 ± 5,1 AUC) respectivamente. Na primeira hora, AAL recuperou a resposta de retirada (32,9 ± 3.1 vs. salina: 35,1 ± 2) induzida por TNF-α (22,2 ± 0,7 g). Na terceira hora, AAL aboliu (31,9 ± 0,9 vs. salina: 37.6 ± 1.8) a resposta hypernociceptiva induzida pelo TNF-α (23,1 ± 3,1 g). O efeito hypernociceptivo da PGE2 (41,3 ± 1,7 vs. AAL: 54 ± 1,3 vs. indometacina: 54 ± 3,9) e do db-cAMP (17,8 ± 1,7 vs. AAL: 30,2 ± 1.4 vs. salina: 31,2 ± 0,8 g) foi completamente recuperado pela AAL na primeira e terceira hora respectivamente. AAL também inibiu a resposta hypernociceptiva (50,5 ± 1,9) induzida pela capsaicina (57,6 ± 4,6 g) na segunda hora. Em conclusão, este estudo apresenta o efeito modulador da lectina purificada de Andira anthelmia nos eventos vasculares e celulares da inflamação aguda, dependente do domínio lectínico. |
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