TRADUZINDO A TRADIÇÃO: A CONSTRUÇÃO DO SIGNIFICADO DO ARTESANATO NO CEARÁ CONTEMPORÂNEO (1987-2002)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: CARDOSO, FLÁVIO TELES
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=93681
Resumo: O artesanato no Ceará, atividade de trabalhadores autônomos, veio no decorrer dos anos 90 se<br/>configurando dentro dos planos governamentais de modernização do Estado como meio de<br/>inclusão de uma mão-de-obra que a indústria, em seu processo de automação, estava incapaz<br/>de absorver. Estando o Ceará se consolidando como lugar turístico, seus símbolos regionais<br/>foram aproveitados como meio de construir uma identidade capaz de singularizar o Estado<br/>cearense no mercado contemporâneo, transformando-o em um produto a ser vendido.<br/>Introduzir o artesão na nova proposta de mercado para o Ceará do “governo das mudanças”<br/>significava, para as ações políticas do governo, condicioná-lo a uma aprendizagem comercial,<br/>produtiva e estética distante de sua realidade social. A própria velocidade com que o mercado<br/>capitalista moderno consome as mercadorias produzidas, exigia um novo ritmo de trabalho e<br/>uma organização da produção que alterava a vida cotidiana do artesão. O ambiente de oficina<br/>familiar cedia espaço às associações e cooperativas onde a preocupação com o tempo e o<br/>objetivo de produzir em grande quantidade lembrava as indústrias modernas. A<br/>incompatibilidade do novo mercado com a lógica de produção manual acarretou um<br/>desequilíbrio na relação que o artesão tinha com seu trabalho. Seu fazer artesanal deixava de<br/>ser espontâneo e passava a significar uma disciplina externa aos seus desejos e à sua<br/>intimidade com as obras produzidas. A construção do significado atribuído ao artesanato, que<br/>definiu o lugar social dos artesãos encaixados nos planos de modernização do Estado do<br/>Ceará, se daria a partir de disputas travadas entre os espaços de resistência constituídos pelos<br/>artesãos e as instituições disciplinadoras do Estado. Em meio a essa relação de força o artesão<br/>esmerava o fazer artesanal resignificando o lugar de legitimação do artesanato, ao mesmo<br/>tempo em que se condicionava a servir ao mercado turístico do Ceará. Esse é o palco de<br/>discussão desta pesquisa.<br/>Palavras-chave: Identidade. Mercado. Tradição.