Morfodinâmica de falésias ativas e riscos costeiros no litoral de Caucaia-Ce

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Leisner, Melvin Moura
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=109238
Resumo: As falésias são feições costeiras íngremes originadas por fatores tectônicos e processos erosivos. A gravidade, a ação energética das ondas, os estilhaços de material desagregado e a dissolução de minerais, são as principais forças de controle dessas feições. Inerentemente a sua evolução e dinâmica natural é frequente a ocorrência de movimentos de massa (e.g. queda de blocos, deslizamentos, fluxos de detritos) em diferentes magnitudes. O recuo do topo e da base são processos naturais de falésias ativa. Desse modo, torna-se importante compreender os mecanismos que impulsionam essa dinâmica para avaliar os perigos naturais e os riscos socioambientais. Trata-se de uma paisagem singular, em que o turismo e o veraneio são atividades que se desenvolvem por todo o ano. Com isso, tem-se um risco para visitantes e moradores, que costumam ficar muito perto da encosta ou sentar-se na base das falésias, ficando expostos aos perigos naturais. Desse modo, esse estudo objetiva avaliar e compreender o dinamismo de uma falésia ativa, localizada no litoral da Região Metropolitana de Fortaleza – LRMF, mais precisamente na Praia do Pacheco (Caucaia-CE). A dinamicidade do sistema praia-falésia do Pacheco foi monitorada, entre os meses de maio/2021 e março/2022, com uso de uma Aeronave Remotamente Pilotada do tipo Phantom 4 Pro V2. Os experimentos de campo foram realizados a cada dois meses, tendo como foco principal, o levantamento aerofotogramétrico dos 700m de comprimento do sistema. Todos os planos de voo obedeceram a mesma característica – altura de 100m, duração média de 30min, malha dupla, 75% taxa de sobreposição lateral e frontal velocidade de 7m/s. Para uma melhor acurácia planialtimétrica foram usados 30 alvos fotogramétricos – 15 pontos fixos e 15 móveis. Todos os pontos foram georreferenciados com uso de um receptor geodésico GNSS-RTK. A partir do alinhamento das imagens obtidas em cada voo, foi possível, com auxílio do software Agisoft Metashape, gerar a nuvem de pontos densa e, a partir dessa, associar os pontos de controle do solo e gerar os Modelos Digitais do Terreno. A partir dos MDTs extraíram-se indicadores geomórficos da falésia – altura, declividade, perfil morfodinâmico, linha de base e linha de topo. Na determinação das taxas de recuo da falésia foi utilizada a ferramenta Digital Shoreline Analysis System V.5. As mudanças topográficas foram avaliadas com uso da ferramenta Geomorphic Change Detection (GCD) vinculada ao ARCGIS 10.8. A falésia da Praia do Pacheco exibiu taxas de recessão de longo prazo (2004-2021) de 1,8m/ano (base) e 1,6m/ano (topo); a taxa de curto prazo (2021-2022) foi de 2,9m/ano (base) e 1,8 (topo). Durante o monitoramento de curto prazo foi observado que a queda de blocos (46% das ocorrências) e os deslizamentos (37%) foram as principais formas de movimentos de massa. Por outro lado, o fluxo de detritos (16%) e os tombamentos (1%) foram os movimentos menos representativos, porém não menos perigosos. A partir dessa dinâmica e do mapeamento do alcance dos movimentos de massa, foi possível estabelecer duas zonas de perigo – a primeira, com 4,50m de largura a partir da base, classificada como perigo elevado, enquanto que a segunda, possui 7,65m de largura, classificada como perigo moderado. Os resultados do inventário de ocorrência de movimentos de massa asseveram o risco presente aos usuários da praia, em que a ocorrência de movimentos de massa apresenta um padrão sazonal, com maior incidência durante o primeiro semestre do ano. Em síntese, toda frente costeira da Praia do Pacheco está em processo contínuo de erosão, não havendo um nítido controle estrutural, mas uma associação de forçantes marinhas, climáticas e continentais que governam toda a evolução recente dessa falésia sedimentar. A partir do exposto anteriormente, conclui-se que há uma dinâmica natural associada à evolução dessa falésia, potencializada pela situação de erosão generalizada desse trecho da costa cearense. Essa característica natural, associada ao uso turístico e balnear da região, a torna uma área de risco costeira.